foto: Jean Charles |
foto: Jean Charles |
Quando olhei as fotos de uma senhora do distrito de
Trincheiras, município de Jandaira, parando água em um buraco para consumo da família,
me lembrei do rei do baião e perguntei a deus do céu porque tamanha judiação.
Luiz Gonzaga é um artista que despensa apresentações. Ainda
na década de 50, ele começou a retratar as agonias nordestinas com a falta d
água. Procuro, na atualidade, um ser capaz de fazer o que ele fazia com tamanha
sabedoria, pois imagino o que o saudoso poeta diria ao se deparar com a triste situação
vivida pelas dezenas de famílias desta comunidade.
Só para entender como água é importante: quando a COSERN foi
vendida, o governo Garibaldi pretendia vender também a CAERN, mas a assembleia
não aprovou o projeto de lei, que foi rejeitado pelos próprios correligionários
do governo. Os deputados entenderam que com água não se brinca. Água é um bem
muito precioso indispensável para a sobrevivência humana.
Até há alguns anos, o distrito tinha água de excelente
qualidade. Na gestão do prefeito anterior foi instalado um dessalinizador,
equipamento que retira o sal da água deixando pura para o consumo humano, que
atendia toda a comunidade e ainda beneficiava pessoas de outras regiões do
município que captavam o líquido no local.
Se os problemas permanecem já há seis anos, imagino que o rei
do baião teria muito trabalho para descrever a falta de sensibilidade e de
compaixão dos gestores do município. Na música de Luiz Gonzaga até a asa branca
bateu asas e voou, em Jandaíra nem as abelhas podem dizer que dessa água não
beberei, afinal de contas é a única que o povo dispõe.
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