Henrique segura Elias, acusado de "todo tipo de desvio de recursos públicos"
A anunciada demissão do potiguar Elias Fernandes Neto da direção-geral do Dnocs, que vazou ontem, parece ter sido adiada ou, quem sabe?, cancelada.
Suspeito de corrupção, Elias ganhou fôlego graças ao seu padrinho político no governo - o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves.
Leiam a notícia de hoje do jornal O Globo, escrita por Gerson Camarotti e Maria Lima:
O Palácio do Planalto avalizou na sexta-feira a demissão do diretor administrativo-financeiro do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o cearense Albert Gradvohl, que será efetivada na próxima segunda-feira, em ato publicado no Diário Oficial da União. Foi uma solução para esvaziar uma crise com o PMDB, que comanda o órgão. O alvo inicial da reestruturação no órgão era o diretor-geral do Dnocs, Elias Fernandes Neto, afilhado político do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).
Relatório de irregularidades na gestão de Fernandes Neto, divulgado pela Controladoria Geral da União (CGU) no fim de 2010, aponta todo tipo de desvios de recursos públicos em obras de combate às secas no Nordeste, principalmente dispensa de licitação e superfaturamento na compra de tubulações para a barragem de Tabuleiro de Russas, no Ceará. As suspeitas são de superfaturamento de R$ 5,9 milhões para essa obra.
Henrique Alves trabalhou nos últimos dias para manter Fernandes Neto no cargo. A exoneração dele chegou a ser analisada pela Casa Civil, mas, após a crise com o líder peemedebista, o Planalto recuou.
— O ministro Fernando Bezerra enviou ao Planalto o pedido de exoneração dos dois, do Elias e do Gradvohl. Os dois nomes estão na Casa Civil. Desde que o Fernando Bezerra chegou lá, está tentando tirar o Elias — confirmou o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que indicou Gradvohl, no governo Lula.
Procurado pelo Globo, Henrique Alves confirmou que há uma investigação em curso na CGU sobre a gestão de Fernandes Neto, mas informou que todos os esclarecimentos já foram apresentados há três meses.
— A CGU fez uma série de questionamentos ao Fernandes Neto. E todas as respostas foram dadas pelo Dnocs, em conjunto com o ministro Fernando Bezerra. Inclusive, os esclarecimentos foram prestados com dados do Ministério do Planejamento — disse Henrique Alves.
O líder do PMDB afirmou ainda que está assegurada a permanência de Fernandes Neto no cargo. Henrique Alves emplacou o nome de Fernandes Neto no comando do Dnocs ainda no governo Lula. E conseguiu mantê-lo no cargo no governo Dilma após negociação com o ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci.
— Está tudo normal com o Fernandes Neto. Quem está saindo é o diretor administrativo do Dnocs. Tanto que Fernandes Neto já foi convocado para lançar o PAC-Dnocs na terça-feira — disse Henrique Alves.
Em nota enviada sexta-feira à noite, ao Globo, o Ministério da Integração Nacional informou que o diretor substituído foi Gradvhol. O texto acrescenta, ainda, que "esta substituição se dá no âmbito da reforma da Diretoria do órgão, iniciada com a troca da Diretora de Infraestrutura, Cristina Peleteiro, pelo engenheiro Fernando Ciarlini, técnico indicado pelo PMDB cearense, ocorrida em dezembro último". E que "essa reforma ocorre, na verdade, devido à reestruturação da entidade na busca do aperfeiçoamento das práticas de gestão e da implantação de um sistema de monitoramento integrado entre o ministério e suas vinculadas."
FONTE: BRASÍLIA, URGENTE
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