ilustração |
Quis o destino que a
Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte aprovasse a lei 3.063
dois dias após a data em que o mundo comemora o nascimento do menino Jesus. Em
27 de dezembro de 1963, o órgão criava oficialmente o município de Jandaíra. O substantivo
é derivado de Jandiere, nome dado pelos aborígenes ao inseto que produzia o
mais saboroso e nutritivo mel, bastante utilizado pelos índios no trato de
enfermidades.
O município nasceu da
emancipação do município de lajes, administrado por Pereira Primo. Na época, os
prefeitos eram nomeados e o de Jandaíra passou a ser Severino Matias, porém o
primeiro prefeito eleito foi José dos Santos. Contudo, existem relatos dando
conta de que derna dos anos trinta, a região produtora de algodão mocó já
chamava pessoas interessadas no cultivo da planta.
Naquele tempo, as
fazendas de algodão deram origem ao povoado a partir da perfuração de um poço
onde, hoje, está localizado o Centro de Turismo da cidade. O poço foi perfurado
pelo DNOCS com o objetivo de fornecer água para a construção da BR 406, estrada
que ligaria a capital potiguar a região salineira do Estado.
Ao lado do poço foi
surgindo, aos poucos, às primeiras casas que formaram a primeira rua, batizada
anos mais tarde com o nome de Aristófanes Fernandes, Deputado Federal e irmão
de Asclepitos Fernandes, deputado distrital autor do projeto de lei que criou o
município.
A cultura algodoeira
e o fornecimento d’água atraíram verdadeiros desbravadores como os irmãos Jose
e Diomédio Messias, vindos da região de Lagoa Danta, José Ricardo de Sítio
Novo, de João Câmara vieram os primos José dos Santos e Miguel Aguiar, os irmãos
Vicente Sabino e José Sabino, vieram dos letreiros, onde os holandeses
habitavam, além de, João Custódio, Tião Ferreira, Manoel e José Bernadino, Luiz
Ferreira, José de Queiroz e tantos outros que pretendiam fazer do cultivo do
ouro branco o sustento da família.
Nesse tempo, a vida
passava tranquila e serena no sertão de calcário e mata seca: fogão a lenha,
criação de gado, cultivo de lavouras,umas vaquinhas leiteiras, um burro bom, dá
pra imaginar as quilarinas dos lampiões até a chegada da energia vinda de um
tar de Parlo Afonso, no governo de Cortes Pereira.
Toda via,em 1973, um
escrete resolveu quebrar o silencio e dizer a todos que Jandaíra, além do vento
que movia as pétalas do moinho, também tinha seu lugar ao sol. Murilo, Umberto,
Luciano, Adailton e Silvano, Ivo, Polidorio, Marinho e Bebé, Aldenir e Carlão
venceram a seleção de Areia Branca, na grande final e sagraram-se campeão do
campeonato de futebol amador mais importante do Estado, o antigo e saudoso
matutão.
No entanto, nem só de
futebol vivia os desbravadores e seus descendentes. A paixão nacional é apenas
uma metáfora. Jandaíra faz parte de um todo porque é de municípios que se faz
uma nação e nessa nação tupiniquim, o primeiro município a fazer reforma
agraria, de forma pacífica, foi Jandaíra, um projeto idealizado pelo
ex-prefeito Silvano, que transformou os desbravadores, os seus descendentes e
demais trabalhadores da agricultura em proprietários de terra.
Os tempos passaram, a
cidade cresceu, as pessoas mudaram, mas o vento que assoviava no telhado e
movia o moinho ainda sopra com a mesma força. A força que trouxe o progresso
nas ondas de rádio fazendo chegar à telefonia celular e a força que move às gigantescas
e imponentes hélices para gerar o combustível do futuro, a energia eólica.
Nesses tempos de
transformação, volto à cidade e revejo os amigos de infância, conversamos sobre
política, sobre futebol, mas o melhor assunto é o passado, é a infância, é
saber como estão os velhos amigos. O melhor assunto é saber como estão os
parceiros que brincavam de puxar carrinho pra apanhar Juar, os amigos que na
invernada eram os companheiros de mergulho nas deliciosas águas do olheiro.
O parágrafo anterior
me fez parar, fez lembrar-me de um escritor chamado Gonçalves dias, autor de
Canção do Exilio, obra que inspirou a letra do Hino Nacional, mas que foi
escrita com o objetivo de revelar toda a saudade e angustia que o autor sentia
por permanecer longe da sua terra. Canção do exilio é uma grande inspiração pra
quem quer de sua terra falar e sem querer me comparar, não permita deus que eu
morra, sem que eu volte para lá.
ilustração |
ilustração |
Parabéns ao Blog do Eurípedes. O texto ilustra com fidelidade a história do município de Jandaíra. Anos se passaram, agora todos autenticos jandairenses devem despertar para fazer dos ventos do moinho antigo, a nova rotação para o progresso coletivo. LUIZ CARLOS FERNANDES - ESTUDANTE DE CIÊNCIAS SOCIAIS/UFRN.
ResponderEliminarGostei muito do artigo. parabéns ao blog. foii fiel a história e lembrou de pessoas importantes que ajudaram a fazer essa história. para as pessoas da família é muito bom saber que alguém lembra deles.
ResponderEliminar