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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Jandaíra: A cidade do vento



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Quis o destino que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte aprovasse a lei 3.063 dois dias após a data em que o mundo comemora o nascimento do menino Jesus. Em 27 de dezembro de 1963, o órgão criava oficialmente o município de Jandaíra. O substantivo é derivado de Jandiere, nome dado pelos aborígenes ao inseto que produzia o mais saboroso e nutritivo mel, bastante utilizado pelos índios no trato de enfermidades.

O município nasceu da emancipação do município de lajes, administrado por Pereira Primo. Na época, os prefeitos eram nomeados e o de Jandaíra passou a ser Severino Matias, porém o primeiro prefeito eleito foi José dos Santos. Contudo, existem relatos dando conta de que derna dos anos trinta, a região produtora de algodão mocó já chamava pessoas interessadas no cultivo da planta.

Naquele tempo, as fazendas de algodão deram origem ao povoado a partir da perfuração de um poço onde, hoje, está localizado o Centro de Turismo da cidade. O poço foi perfurado pelo DNOCS com o objetivo de fornecer água para a construção da BR 406, estrada que ligaria a capital potiguar a região salineira do Estado.

Ao lado do poço foi surgindo, aos poucos, às primeiras casas que formaram a primeira rua, batizada anos mais tarde com o nome de Aristófanes Fernandes, Deputado Federal e irmão de Asclepitos Fernandes, deputado distrital autor do projeto de lei que criou o município.

A cultura algodoeira e o fornecimento d’água atraíram verdadeiros desbravadores como os irmãos Jose e Diomédio Messias, vindos da região de Lagoa Danta, José Ricardo de Sítio Novo, de João Câmara vieram os primos José dos Santos e Miguel Aguiar, os irmãos Vicente Sabino e José Sabino, vieram dos letreiros, onde os holandeses habitavam, além de, João Custódio, Tião Ferreira, Manoel e José Bernadino, Luiz Ferreira, José de Queiroz e tantos outros que pretendiam fazer do cultivo do ouro branco o sustento da família.

Nesse tempo, a vida passava tranquila e serena no sertão de calcário e mata seca: fogão a lenha, criação de gado, cultivo de lavouras,umas vaquinhas leiteiras, um burro bom, dá pra imaginar as quilarinas dos lampiões até a chegada da energia vinda de um tar de Parlo Afonso, no governo de Cortes Pereira.

Toda via,em 1973, um escrete resolveu quebrar o silencio e dizer a todos que Jandaíra, além do vento que movia as pétalas do moinho, também tinha seu lugar ao sol. Murilo, Umberto, Luciano, Adailton e Silvano, Ivo, Polidorio, Marinho e Bebé, Aldenir e Carlão venceram a seleção de Areia Branca, na grande final e sagraram-se campeão do campeonato de futebol amador mais importante do Estado, o antigo e saudoso matutão.

No entanto, nem só de futebol vivia os desbravadores e seus descendentes. A paixão nacional é apenas uma metáfora. Jandaíra faz parte de um todo porque é de municípios que se faz uma nação e nessa nação tupiniquim, o primeiro município a fazer reforma agraria, de forma pacífica, foi Jandaíra, um projeto idealizado pelo ex-prefeito Silvano, que transformou os desbravadores, os seus descendentes e demais trabalhadores da agricultura em proprietários de terra.

Os tempos passaram, a cidade cresceu, as pessoas mudaram, mas o vento que assoviava no telhado e movia o moinho ainda sopra com a mesma força. A força que trouxe o progresso nas ondas de rádio fazendo chegar à telefonia celular e a força que move às gigantescas e imponentes hélices para gerar o combustível do futuro, a energia eólica.

Nesses tempos de transformação, volto à cidade e revejo os amigos de infância, conversamos sobre política, sobre futebol, mas o melhor assunto é o passado, é a infância, é saber como estão os velhos amigos. O melhor assunto é saber como estão os parceiros que brincavam de puxar carrinho pra apanhar Juar, os amigos que na invernada eram os companheiros de mergulho nas deliciosas águas do olheiro.

O parágrafo anterior me fez parar, fez lembrar-me de um escritor chamado Gonçalves dias, autor de Canção do Exilio, obra que inspirou a letra do Hino Nacional, mas que foi escrita com o objetivo de revelar toda a saudade e angustia que o autor sentia por permanecer longe da sua terra. Canção do exilio é uma grande inspiração pra quem quer de sua terra falar e sem querer me comparar, não permita deus que eu morra, sem que eu volte para lá.

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2 comentários:

  1. Parabéns ao Blog do Eurípedes. O texto ilustra com fidelidade a história do município de Jandaíra. Anos se passaram, agora todos autenticos jandairenses devem despertar para fazer dos ventos do moinho antigo, a nova rotação para o progresso coletivo. LUIZ CARLOS FERNANDES - ESTUDANTE DE CIÊNCIAS SOCIAIS/UFRN.

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  2. Gostei muito do artigo. parabéns ao blog. foii fiel a história e lembrou de pessoas importantes que ajudaram a fazer essa história. para as pessoas da família é muito bom saber que alguém lembra deles.

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