O Blog do Eurípedes Dias reproduz texto de Daniel Menezes do excelente Portal O Potiguar. SEGUE oportuno texto de Daniel:
A operação Salt no RN, que teve sua terceira fase deflagrada esta semana, alcançou o empresário Edivaldo Fagundes. Conforme a polícia federal e o ministério público federal, ele é o líder de um grande esquema de sonegação e fraudes avaliado em 500 milhões de reais.
Estamos falando de 25% de toda a corrupção avaliada pelo MPF no caso da operação lava jato. Com um significativo detalhe: o RN não chega aos pés em orçamento da Petrobras. É, sem a menor dúvida, o mais impactante acontecimento nessa seara na história do combalido Rio Grande do Norte.
Em que pese os números colossais, os blogs, portais e jornais apenas se restringiram a mera publicação do release do ministério público e uma nota sobre a prisão e posterior soltura de Edvaldo Fagundes e praticamente toda a sua família. Só, a bem da verdade, o Jornal de Hoje, o BlogdoBG e o blog do primo, além deste O Potiguar, tiveram o cuidado de demonstrar as ligações econômicas e políticas do grupo com o RN, em especial, com o DEM de José Agripino, Rosalba e Claúdia Regina.
Leia esta condensação da matéria da revista Isto É publicada em 2013:
“De acordo com a investigação do MPF, recursos do governo do Estado saíam dos cofres públicos para empresas que financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em nome de laranjas.
O esquema de Caixa 2 tem, segundo o MP, seu ‘homem da mala’. O autor do drible ao fisco é o empresário Edvaldo Fagundes, que a partir do pequeno estabelecimento ‘Sucata do Edvaldo’ construiu, em duas décadas, patrimônio bilionário.
No rastreamento financeiro da Receita Federal, a PF identificou fraude de sonegação estimada em R$ 430 milhões”, apontou a revista.
Além disso, a Istoé afirma que o empresário é acusado de não pagar tributos, mas investe pesado na campanha do DEM. “Nas eleições de 2012, Edvaldo Fagundes não só vestiu a camisa do partido como pintou um de seus helicópteros com o número da sigla. A aeronave ficou à disposição da candidata Cláudia Regina (DEM), pupila do senador José Agripino.
Empresas de Edvaldo, que a Polícia Federal descobriu serem de fachada, doaram oficialmente mais de R$ 400 mil à campanha da candidata do DEM. Mas investigação do Ministério Público apontou que pelo menos outros R$ 2 milhões deixaram as contas de Edvaldo rumo ao comitê financeiro da legenda por meio de Caixa 2″.
A revista não cita, mas é importante lembrar que esse “Caixa 2″ na campanha de Cláudia Regina já foi alvo de uma das 10 condenações sofridas por ela só no primeiro grau da Justiça Eleitoral.
A ligação do grupo com o governo do estado e com partidos políticos foi e continua a ser apontada pelo MPF e pela PF.
O que faz, então, o assunto de tamanha gravidade e magnitude, bem no nosso quintal, ser tratado como algo menor? Como questão secundária? Há um estreitamento de interesses gerador de um consenso balizador do silêncio.
Os grupos econômicos dominantes relacionam a sonegação a um ato de heroísmo. Não há vantagem objetiva em tal revirar. Além disso, cultivam também nos poderes públicos os seus principais clientes nas terras de poti. O sentimento de classe e a percepção de que o dedo será apontado para si fazem com que o desejo seja o da propagação do esquecimento.
Também não interessa aos grupos políticos constituídos e aos seus respectivos representantes nos meios de imprensa. A classe política, hoje momentaneamente cindida, estava bem unida até 2014. Daí que alimentar o caso implica tocar em questões, digamos, sensíveis a classe política estadual.
(Hoje consigo entender que não há liberdade objetiva aos jornalistas nas redações do RN para investigar e noticiar, com amplitude, um evento como o que está em pauta. Uma outra parte, mais abastada economicamente, depende do silêncio para conseguir manter boas relações com patrocinadores empresariais e políticos.
Uma parcela dos jornalistas, além disso, se identifica e convive com lideranças políticas e empresários. Como me disseram, é difícil criticar quem você terá de apertar a mão no corredor do shopping ou mesmo dividirá a casa de veraneio no fim do ano)
Apenas a extrema esquerda não tem ligação direta nem constrangeria um aliado, caso tocasse no assunto. Porém, sabemos como este polo vive relativamente descolado da competição político-eleitoral.
Consagra-se, assim, a já tradicional estratégia de apontar e supostamente se indignar com os distantes casos de corrupção na chamada “Brasília”, enquanto convivemos na santa paz divina com o que ocorre bem nas nossas narinas.
O legal é que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal não deixam o acontecido cair no esquecimento. Daí o mal estar.
É esperar que, nos próximos protestos de rua, caso ocorram, os que querem o fim da corrupção adicionem nos seus cartazes a palavra “Salt” e peçam o fim da impunidade, endossando todos os desmembramentos da operação. Além disso, punam nas urnas todos os que se beneficiaram com o esquema. Tenhamos otimismo.
O Blog do Eurípedes Dias reproduz texto de Daniel Menezes do excelente Portal O Potiguar. SEGUE oportuno texto de Daniel:
A operação Salt no RN, que teve sua terceira fase deflagrada esta semana, alcançou o empresário Edivaldo Fagundes. Conforme a polícia federal e o ministério público federal, ele é o líder de um grande esquema de sonegação e fraudes avaliado em 500 milhões de reais.
Estamos falando de 25% de toda a corrupção avaliada pelo MPF no caso da operação lava jato. Com um significativo detalhe: o RN não chega aos pés em orçamento da Petrobras. É, sem a menor dúvida, o mais impactante acontecimento nessa seara na história do combalido Rio Grande do Norte.
Em que pese os números colossais, os blogs, portais e jornais apenas se restringiram a mera publicação do release do ministério público e uma nota sobre a prisão e posterior soltura de Edvaldo Fagundes e praticamente toda a sua família. Só, a bem da verdade, o Jornal de Hoje, o BlogdoBG e o blog do primo, além deste O Potiguar, tiveram o cuidado de demonstrar as ligações econômicas e políticas do grupo com o RN, em especial, com o DEM de José Agripino, Rosalba e Claúdia Regina.
Leia esta condensação da matéria da revista Isto É publicada em 2013:
“De acordo com a investigação do MPF, recursos do governo do Estado saíam dos cofres públicos para empresas que financiam campanhas do DEM por meio de um esquema de concessão de incentivos fiscais e sonegação de tributo, que contava com empresas de fachada e firmas em nome de laranjas.
O esquema de Caixa 2 tem, segundo o MP, seu ‘homem da mala’. O autor do drible ao fisco é o empresário Edvaldo Fagundes, que a partir do pequeno estabelecimento ‘Sucata do Edvaldo’ construiu, em duas décadas, patrimônio bilionário.
No rastreamento financeiro da Receita Federal, a PF identificou fraude de sonegação estimada em R$ 430 milhões”, apontou a revista.
Além disso, a Istoé afirma que o empresário é acusado de não pagar tributos, mas investe pesado na campanha do DEM. “Nas eleições de 2012, Edvaldo Fagundes não só vestiu a camisa do partido como pintou um de seus helicópteros com o número da sigla. A aeronave ficou à disposição da candidata Cláudia Regina (DEM), pupila do senador José Agripino.
Empresas de Edvaldo, que a Polícia Federal descobriu serem de fachada, doaram oficialmente mais de R$ 400 mil à campanha da candidata do DEM. Mas investigação do Ministério Público apontou que pelo menos outros R$ 2 milhões deixaram as contas de Edvaldo rumo ao comitê financeiro da legenda por meio de Caixa 2″.
A revista não cita, mas é importante lembrar que esse “Caixa 2″ na campanha de Cláudia Regina já foi alvo de uma das 10 condenações sofridas por ela só no primeiro grau da Justiça Eleitoral.
A ligação do grupo com o governo do estado e com partidos políticos foi e continua a ser apontada pelo MPF e pela PF.
O que faz, então, o assunto de tamanha gravidade e magnitude, bem no nosso quintal, ser tratado como algo menor? Como questão secundária? Há um estreitamento de interesses gerador de um consenso balizador do silêncio.
Os grupos econômicos dominantes relacionam a sonegação a um ato de heroísmo. Não há vantagem objetiva em tal revirar. Além disso, cultivam também nos poderes públicos os seus principais clientes nas terras de poti. O sentimento de classe e a percepção de que o dedo será apontado para si fazem com que o desejo seja o da propagação do esquecimento.
Também não interessa aos grupos políticos constituídos e aos seus respectivos representantes nos meios de imprensa. A classe política, hoje momentaneamente cindida, estava bem unida até 2014. Daí que alimentar o caso implica tocar em questões, digamos, sensíveis a classe política estadual.
(Hoje consigo entender que não há liberdade objetiva aos jornalistas nas redações do RN para investigar e noticiar, com amplitude, um evento como o que está em pauta. Uma outra parte, mais abastada economicamente, depende do silêncio para conseguir manter boas relações com patrocinadores empresariais e políticos.
Uma parcela dos jornalistas, além disso, se identifica e convive com lideranças políticas e empresários. Como me disseram, é difícil criticar quem você terá de apertar a mão no corredor do shopping ou mesmo dividirá a casa de veraneio no fim do ano)
Apenas a extrema esquerda não tem ligação direta nem constrangeria um aliado, caso tocasse no assunto. Porém, sabemos como este polo vive relativamente descolado da competição político-eleitoral.
Consagra-se, assim, a já tradicional estratégia de apontar e supostamente se indignar com os distantes casos de corrupção na chamada “Brasília”, enquanto convivemos na santa paz divina com o que ocorre bem nas nossas narinas.
O legal é que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal não deixam o acontecido cair no esquecimento. Daí o mal estar.
É esperar que, nos próximos protestos de rua, caso ocorram, os que querem o fim da corrupção adicionem nos seus cartazes a palavra “Salt” e peçam o fim da impunidade, endossando todos os desmembramentos da operação. Além disso, punam nas urnas todos os que se beneficiaram com o esquema. Tenhamos otimismo.
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