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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Militantes do PT e do PCdoB impedem blogueira cubana de participar de evento a favor da liberdade de expressão

Reginaldo Pereira/EFE
A blogueira Yoani Sánchez precisou de escolta policial em Feira de Santana (BA)
A blogueira Yoani Sánchez precisou de escolta policial em Feira de Santana (BA)

Manifestantes impedem exibição do filme com a presença da blogueira Yoani Sánchez
Manifestantes impedem exibição do filme com a presença da blogueira Yoani Sánchez (Folhapress)

Por Reinaldo Azevedo

Uma súcia de fascistoides recebeu a blogueira Yoani Sánchez com gritos, xingamentos e dólares nas mãos quando ela desembarcou, na madrugada de ontem, no aeroporto Guararapes, em Pernambuco. 

De lá, ela seguiu para Feira de Santana, na Bahia, onde assistiria à pré-estreia de um filme que trata justamente da agressão à liberdade de expressão. O evento, previsto para a noite de ontem, não aconteceu. Mais uma vez, uma tropa de choque formada por petistas e militantes do PC do B a hostilizou. Ela teve de se retirar para uma sala reservada para não ser agredida. Então ficamos assim: uma mulher que comete o crime de defender a liberdade de expressão numa ditadura é impedida de se pronunciar num país livre por gorilas do oficialismo, sob as ordens da embaixada de Cuba e com a conivência — o nome é esse mesmo! — do governo federal. Se Dilma Rousseff honra a faixa que enfeitou seu peito no dia da posse, dá um de seus supostamente famosos tapas da mesa, chama José Eduardo Cardozo, que é ministro da Justiça e não cavalo de parada para desfiles garbosos, e determina que a Polícia Federal faça a segurança da cubana e impeça a canalha fascista de rasgar a Constituição. Se assistir inerme a essa violência, Dilma estará dando razão prática àqueles que, no passado, também violaram a lei para constrangê-la. Aliás, presidente, Yoani vem de um governo em que se torturam e se matam pessoas na cadeia por crimes de opinião. É simples assim. Nos atos de selvageria, presidente, contra Yoani — que teve o cabelo puxado e o rosto tocado por notas de dólares —, há a marca vergonhosa e indelével do seu governo. Tudo é lastimável, inclusive o que vem agora: boa parte da grande imprensa brasileira se tornou moralmente corresponsável pelas violências de que Yoani foi e ainda pode ser alvo. Por quê?

VEJA chegou aos leitores na manhã do sábado. Nas primeiras horas do dia, este blog já publicava um post denunciando a reunião havida na embaixada de Cuba, em Brasília, sob o comando do embaixador Carlos Zamora Rodríguez. Vocês conhecem a história. Disquetes com um dossiê contra Yoani foram distribuídos, e se combinaram ali atos de protesto contra a presença da blogueira no Brasil. Yoani é acusada de coisas graves, como ser agente do imperialismo, estar sob a influência da CIA, tomar cerveja com amigos, ir à praia e comer bananas… Os totalitários, com o tempo, evoluem para o terreno demencial. Havia lá um funcionário graduado do governo Dilma. Trata-se do coordenador de Novas Mídias da Secretária-Geral da Presidência, Ricardo Augusto Poppi Martins, que viajou para Cuba em seguida. Voltou ontem. A pasta de Gilberto Carvalho emitiu uma nota espantosamente mentirosa sobre o caso, na qual havia uma única verdade: a confirmação de que o tal assessor participara mesmo da reunião. Rodríguez confessou uma outra ilegalidade: afirmou que agentes cubanos acompanham cada passo de Yoani no Brasil.

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