Páginas

terça-feira, 29 de maio de 2012

Brasil ocupa 21º posição no ranking dos produtores de energia eólica


País tem 71 parques que produzem a energia limpa e renovável. 
Região Nordeste é campeã nacional de geração de energia do vento.

André Trigueiro
 Enormes cataventos produzem a energia eólica, a energia elétrica a partir do vento. Hoje já são 12 milhões de pessoas atendidas por essa fonte de energia.

É uma energia limpa - sem queima de combustível, renovável e cada vez mais barata. O preço do megawatt/hora da eólica já é quase igual ao das hidrelétricas, a fonte de energia mais barata do Brasil, e custa menos que o gás natural.

A utilização de aerogeradores, para produção de energia elétrica, ganhou força durante a Segunda Guerra Mundial. Era a forma de os países economizarem combustíveis fósseis. A guerra acabou e a eólica ficou em segundo plano.
 
Mas na década de 70, com a crise do abastecimento de petróleo, alguns países se viram obrigados a pesquisar fontes alternativas de energia. No Brasil, o primeiro aerogerador só foi instalado em 1992, em Fernando de Noronha, mas foi a partir de 2005 que o parque eólico brasileiro cresceu significativamente.

Nos últimos sete anos, a capacidade instalada aumentou 54 vezes. Foi a que mais cresceu no mundo. Muito pelas características do vento no Brasil, um dos melhores do planeta.
“Quando não tem vento você tem que ter alguma outra fonte gerando. Qual é a beleza do Brasil? É que o Brasil que tem um grande parque hidrelétrico, a hidrelétrica e eólica elas se complementam entre si”, explica o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim.

O Brasil ocupa hoje a 21º posição no ranking dos países produtores. O primeiro é da China. Depois vem os Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Índia. Isso só para citar os cinco primeiros. O Brasil tem 71 parques com quase mil aerogeradores, alguns da altura de um prédio de 50 andares, em nove estados. Temos nove fábricas de aerogeradores e já exportamos. Um aerogerador custa entre R$ 4,5 milhões e R$ 5 milhões.

Para ter direito a financiamento do BNDES, com juros atraentes, as empresa do setor eólico precisam assegurar a utilização de no mínimo 60% de peças e acessórios nacionais, fabricados no Brasil. A medida estimulou a geração de emprego e renda. O setor já emprega 12 mil pessoas.

Um dos maiores complexos de energia eólica fica em Água Doce, Santa Catarina. São 86 torres. Em Osório, no Rio Grande do Sul, são 75 aerogeradores, capazes de produzir 150 megawatts de energia. Mas é o Nordeste o campeão nacional de geração de energia do vento.
O Ceará detém 40% da capacidade do país. São 17 parques e já existe até aerogerador residencial para o consumidor produzir a própria energia.

Em nenhum outro lugar do Brasil a energia eólica provocou mudanças tão importantes quanto no Rio Grande do Norte. Até dois anos atrás, o estado era obrigado a importar energia elétrica para atender a demanda. Mas os bons ventos da região atraíram os investidores. Dez parques eólicos foram construídos. Outros 30 estão em construção. Até 2014, o Rio Grande do Norte será o principal produtor de energia eólica do Brasil.

Quem cede a terra onde serão instalados os aerogerados também ganha. O agricultor Rafael Luiz de Andrade conta que recebe cerca de R$ 300 por ano. “Pra mim faz a diferença porque em compensação os filhos estão trabalhando nas companhias”, diz.

A evolução tecnológica tornou a energia eólica mais sustentável. Os aerogeradores provocam pouco barulho e o risco às aves tem sido contornado com o monitoramento ambiental.
“A energia eólica é de baixo impacto ambiental. Ela causa um impacto considerável na sua construção como qualquer atividade da construção civil, mas esse impacto cicatriza com o tempo. Mas cerca de 5%, no máximo 8% da área é ocupada”, explica o diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Norte, Manoel Jamir Fernandes Júnior.

Um negócio tão atraente que chamou a atenção de quem sempre viu no petróleo a principal fonte de lucro. Na sala do diretor de gás e energia da Petrobras, José Alcides Santoro Martins, é possível acompanhar online, de um telão, toda a produção de energia elétrica das térmicas a diesel, a gás e eólica. “O regime de ventos na região Nordeste do país é caracterizado por baixo vento durante o dia e alto durante à noite. À noite esse valor chega a 80, até 90 megawatts de geração de energia elétrica. Cem megawatts daria para abastecer aproximadamente 350 mil domicílios”, diz José.

O setor promete mais. A crise que atinge a Europa tem levado os investidores a buscar novos mercados e o Brasil é destino certo.
FONTE: G1 / JORNAL DA GLOBO

Sem comentários:

Enviar um comentário