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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Futuro diretor pede R$ 15 mil de salários para gerenciar Walfredo, abastecimento continua precário


Por Gabriela Freire para Tribuna do Norte


A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) está buscando um mecanismo administrativo para contratar e pagar o salário do novo diretor do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, o advogado Marcondes Diógenes. Além de não ser funcionário público, o salário de R$ 15 mil, sugerido pelo advogado, está bem acima do recebido por um diretor de hospital na rede estadual – a gratificação referente ao cargo de diretor do maior hospital do Estado é de R$ 1.560,00. Enquanto o novo diretor não é nomeado, a médica Fátima Pinheiro segue no cargo, do qual pediu exoneração há mais de uma semana.
Ontem, o secretário da Saúde Pública do RN, Isaú Gerino, estava em Brasília participando de reunião que tratava de um pacto pela melhoria do serviço de saúde em todo o Estado a ser firmado entre governos federal, estadual e municipal, quando afirmou que a pasta está estudando alternativas para a contratação de Marcondes Diógenes. Através da assessoria de imprensa, reconheceu que a remuneração paga atualmente é muito baixa, por isso o governo vai buscar a solução jurídica “mais segura” para a contratação. “Quando chegarmos à alternativa mais segura, o Estado vai informar”, repassou a assessoria do Governo.
Marcondes Diógenes disse que o secretário e a governadora aceitaram o valor proposto, inclusive que os vencimentos da equipe nomeada por ele fossem proporcionais – entre 10% e 30% menor. Além desse ponto, as condições para aceitar o cargo incluem a autonomia financeira e administrativa da unidade e transparência, inclusive, para expor à imprensa a situação do hospital. Essa é a terceira mudança na direção do HWG, em pouco mais de dois anos da atual administração estadual.
Enquanto não assume o cargo, o ex-interventor da organização social Marca segue mantendo reunião com o secretário Isaú Gerino e assessores da Sesap para ficar por dentro da situação do Walfredo Gurgel, sem interferir na atual gestão, já que sua nomeação ainda não foi publicada. “Tenho condições técnicas, administrativas e estou à disposição. Mas aguardo que tudo esteja preto no branco”, destaca Marcondes Diógenes. O futuro diretor do Walfredo Gurgel evitou entrar em detalhes sobre o hospital, mas ressaltou a necessidade de agir devido a urgência por soluções.
Foi dado um prazo de seis meses para que o novo diretor-geral da maior unidade hospitalar do Rio Grande do Norte, resolva, entre outros, os problemas de superlotação, falta de leitos, escalas de médicos, desabastecimento da farmácia e  falta de insumos. Ao pedir desligamento do cargo, Fátima Pinheiro afirmou não aguentar mais a pressão.
Abastecimento ainda é precário, diz diretora
Enquanto o novo diretor-geral anunciado pelo Governo do  Estado não vem, Fátima Pinheiro segue com a rotina que vem tirando a sua saúde. “As coisas estão melhorando. Desde o decreto de calamidade pública até agora, a situação está caminhando. Alguns pedidos que foram feitos em 2012 começam a ser atendidos”, analisa. A médica aponta a questão do abastecimento de medicamentos como o problema mais complicado. “Ainda esta precário”, define.
O problema, segundo ela, é que a realidade do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel é diferente das demais. A demanda é tão alta que o hospital não sai dessa situação de superlotação e desabastecimento. “Se os municípios deixarem de comprar ambulâncias e investirem na saúde, melhoraria bastante”, sugere. Uma média de 40%  dos 864 itens padronizados chega semanalmente à farmácia do HWG. É o que contabiliza a gerente do setor, Carla Magalhães. “Se viesse a quantidade que a gente solicita para consumo semanal, em quantidade e ítem, não teria esse problema de desabastecimento. O problema maior é o não abastecimento na Unicat”, afirma.
Na tarde de ontem, quando a TRIBUNA DO NORTE visitou o hospital, o estoque de medicamentos era de 41% do total necessário. Mas a situação já esteve pior. Em julho do ano passado, época do decreto de calamidade pública, o percentual era de 27%. O melhor índice registrado foi de pouco mais da metade, 57%.
Nos corredores, as filas e macas  já se tornaram marca do Walfredo Gurgel. O funcionário público Jeová Batista sofreu acidente de moto em Tangará. Rompeu os ligamentos da clavícula, vai precisar passar por cirurgia, mas não tem expectativa de quando isso pode acontecer. na tarde de ontem, a fila somava 119 pessoas, das quais 29 aguardavam uma cirurgia ortopédica (procedimentos feitos em parceria com a rede municipal em outras unidades); 69 internados e recebendo atenção da clínica médica e outros 21 em leitos improvisados de UTI.

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