Três lições para o RN em eólicas por Jean-Paul Prates
Não adianta negar: é lastimável que o Rio Grande do Norte, pela primeira vez desde que se apresentou nos leilões federais para compra de energia com seu potencial eólico insuperável, tenha tido NENHUM parque vencedor apesar de ter habilitado mais de 70 projetos. O preço médio ao final do leilão ficou em R$ 124,43/MWh – um deságio de 1,25% em relação ao preço inicial. Os estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul foram os contemplados com projetos vencedores. A previsão é que sejam investidos cerca de R$ 3,3 bilhões na construção dos parques eólicos ali situados. O Rio Grande do Sul adicionou 326,6MW de potência. Piauí ficou com 240MW; Pernambuco 120MW, Ceará 98MW e a Bahia com 83MW.
O que aconteceu para o RN ter uma performance tão pobre e distante da liderança isolada que conquistou em 2009, 2010 e 2011?
O principal argumento conhecido é o de que o setor eólico tem apresentado problemas no escoamento das usinas por causa do atraso na transmissão. Por isso, neste leilão e para os próximos, o governo transferiu o risco da transmissão para o gerador obrigando-o, na habilitação, a indicar suas condições de conexão antecipadamente. Como os parques precisam entregar energia em janeiro de 2016 (portanto, com dois anos para serem construídos) o setor precificou esse risco, o que resultou em ofertas taritárias mais altas que antes. Nada grave, apenas um ajuste do crescimento setorial já bem absorvido pela indústria.
Mas note-se que este contexto não é adstrito ao RN. Ele também é encontrado na Bahia, no Ceará e no Piauí em várias áreas prospectadas. Lá também temos bacias de vento não interligadas ao sistema. Além disso, não houve impedimento, e sim maior restrição a habilitar projetos sem conexão. Por isso, mesmo assim, o RN habilitou 71 projetos eólicos à concorrência, somando mais de 1.600MW de potência. Foi o terceiro estado que mais habilitou projetos, tanto em número de parques quanto em MW.
Considerando que há um leilão “mais folgado” em tempo de execução por vir ainda em dezembro deste ano (o Leilão A-5, que dá cinco anos para implantação do parque e das linhas), certamente teremos uma performance bem mais significativa naquele certame, diante de um portfolio numeroso de projetos habilitados. Portanto, não há motivo para desespero, mas o resultado faz pensar. E é bom que se o faça.
Como se explica então não ter colocado nenhum projeto vencedor neste leilão de 2013?
A diferença talvez seja que, no RN, os investidores perceberam que ultimamente encontrem maior dificuldade em estruturar e defender os termos econômicos do seus projetos em função de incertezas que vão além da questão das linhas de transmissão, e que dependem também de ação governamental do Estado.
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