Que tal se dividir no verão entre o Rio e o Nordeste? Este roteiro faz parte dos planos do Flamengo, mas não há nada de férias e praias nisso. O presidente Eduardo Bandeira de Mello admitiu seu desejo de incluir o clube carioca na Copa do Nordeste.
“Se, de alguma maneira, pudesse. Isso requer um planejamento mais detalhado e criatividade para se conseguir viabilizar”, afirmou à Folha sem fazer previsões de quando isso poderia acontecer.
“Ele perguntou se havia possibilidade. Por enquanto, acho que não. No futuro podemos pensar. Primeiro, precisamos consolidar a competição, que está voltando agora. Depois, poderia haver dois convites”, disse o presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela Júnior.
A arrecadação com estádios cheios e cotas de participação interessou o Flamengo. Cada equipe recebe R$ 350 mil pelos seis jogos da primeira fase. O campeão embolsa R$ 1,8 milhão. Passagens e hospedagens para jogos fora de casa são bancadas pela organização.
“Por jogo, a Copa do Nordeste paga muito mais do que a Série B”, compara Portela Júnior.
O dirigente flamenguista não teme críticas e um possível descrédito em relação ao torneio no caso de não se obedecer o critério da restrição a times nordestinos.
“Não vejo problema com isso. O Flamengo é um clube nacional, disparadamente o de maior torcida do país, tem mais torcedores fora do que dentro do Rio de Janeiro. Das 27 unidades federativas, é o time mais popular em 24″, afirmou, citando Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná como as exceções.
Não faltam exemplos em que o futebol se rendeu a motivos políticos e econômicos para contradizer a geografia.
A seleção e os clubes da Austrália se exibem em competições da Ásia, e não da Oceania. O Japão já jogou a Copa América. Times nordestinos do Piauí e do Maranhão atuavam na Copa Norte. Os do sudestino Espírito Santo, na Copa Centro-Oeste. Clubes goianos se acostumaram a disputar o Campeonato do Distrito Federal.
Japoneses, malaios, chineses e sul-coreanos lutaram pelo título de Cingapura. Franquias canadenses foram incluídas na liga dos EUA. Galeses reforçam o Campeonato Inglês. Os mexicanos se dividem entre os torneios sul-americanos e os das Américas do Norte e Central.
TRADIÇÃO NORDESTINA
Torneios entre clubes nordestinos acontecem desde meados do século 20. Entre 1997 e 2002, a Copa do Nordeste foi admitida pela CBF como parte do calendário dos clubes da região. Ao ser retirada, provocou uma disputa judicial. Um acordo a ressuscitou em 2010.
Atualmente, a competição reúne 16 equipes de sete dos nove Estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ficam fora Piauí e Maranhão.
Os participantes se classificam exclusivamente a partir dos Estaduais. Vencedor do ano passado, o paraibano Campinense, por exemplo, não obteve vaga para a edição de 2014.
“É uma coisa que não acho justa. O campeão deveria se garantir automaticamente, e seu Estado perderia uma vaga, mas estamos discutindo isso com a CBF e as federações”, disse Portela Júnior.
CALENDÁRIO
Uma opção para o Flamengo conciliar duas competições no início da temporada seria jogar seu Estadual com o time reserva, como faz agora, e disputar a Copa do Nordeste no caso de não estar na Taça Libertadores da América.
Os suplentes rubro-negros estrearam com vitória por 1 a 0 sobre o Audax domingo, no Maracanã, pela Taça Guanabara, e nesta quarta-feira, às 22h (de Brasília), visitarão o Volta Redonda.
Um ano após assumir a presidência do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello acredita que seja possível manter todas as atuais competições do calendário do futebol brasileiro, porém defende que elas sejam mais rentáveis.
“As despesas estão cada vez maiores”, avaliou. Uma das maiores preocupações alegadas pelo seu grupo político, aliás, tem sido controlar os gastos do clube carioca.
O dirigente rubro-negro prefere Estaduais com menos datas, e considera que eles cabem juntas numa temporada com Brasileiro de 20 clubes, Copa do Brasil, Libertadores, férias e pré-temporada. Mas ele cobra um aperfeiçoamento.
Também se mostra favorável às reivindicações do Bom Senso F.C. por maior intervalo entre as partidas. “É razoável conseguir isso. Não podemos sacrificar o patrimônio do clube”, afirmou.
Em relação à extensão do calendário dos clubes menores, aguarda o crescimento do debate. “Eu gostaria de ouvir mais sugestões. Ainda não vi alguma que me convencesse”.
Folha
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