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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Temer fala em diálogo, em preservar os programas sociais e direitos adquiridos e elogia a Lava-Jato.

Michel Temer (Foto: Hélvio Ramaro / Estadão)
Por Ricardo Noblat


Sai de cena o “nós contra eles”. Entra o “meus amigos”. Essa foi a principal mensagem que o presidente Michel Temer transmitiu na sua primeira fala oficial, há pouco.

A palavra chave do discurso de posse de Temer foi “diálogo”, repetida por ele à exaustão. Diálogo, negociação, entendimento.

Ele se oferece para governar junto com todos. Parece um lugar comum, e é. Mas os lugares comuns haviam sido esquecidos entre nós. É necessário reafirmá-los.

Outro lugar comum que Temer resgatou: governar de olho na Constituição, no “livrinho”, como a ela se referia o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, que governou o Brasil no final dos anos 40 do século passado.

Temer deu ênfase à questão econômica, mas destacou seu compromisso de manter e aprimorar os programas sociais do PT. Citou quase todos – Bolsa-Família, Pronatec, Fies, Minha Casa Minha Vida.

Garantiu que nenhuma reforma será feita à custa da supressão de direitos adquiridos pelos brasileiros – e foi bastante aplaudido quando garantiu isso.

O presidente da República em exercício ensinou: é preciso que um governo ao suceder outro saiba preservar o que de melhor foi feito, corrigindo eventuais erros cometidos.

A Operação Lava-Jato não só deve ser preservada como fortalecida, disse Temer.

“Um governo de união nacional”, afirmou Temer, é tudo p que o país pede neste momento. É o que o orientará daqui para frente.

Ao renovar seu respeito pela presidente Dilma, afastada do poder desde que o Senado, esta manhã, aprovou a admissibilidade do impeachment, Temer mandou um recado indireto para ela e o PT: a hora é de todos contribuírem para a pacificação do país.

A correção no uso da língua portuguesa marcou todo o discurso de Temer. É possível até ser informal, como ele foi, sem, no entanto, agredir a língua.

Temer estava muito bem. Não só à vontade. Foi simpático. Passou segurança. E permitiu-se fazer graça em várias ocasiões.

Não subestimou as dificuldades que enfrentará – pelo contrário, destacou-as. Mas disse que, se juntos, todos serão capazes de vencê-las.

Fez uma sugestão final: está na hora de deixarmos de falar em crise para falarmos em trabalho e apostarmos no futuro.

O que se viu na cerimônia de posse de Temer no Palácio do Planalto foi a ascensão de um governo com amplo apoio político, muito diferente do governo que saiu.

Lema proposto por Temer para seu curto governo: Ordem e Progresso. Outra trivialidade, como ele admitiu. Mas nem por isso má.

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