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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Foco de contágio muda e regiões mais pobres já concentram maioria dos casos confirmados de Covid-19 em Natal.

Foto: Ayrton Freire/Inter TV Cabugi
A maioria das pessoas contaminadas pelo novo Coronavírus em Natal (RN) mora nas regiões mais pobres da cidade. A mudança no cenário foi detectada nos últimos dias. O descumprimento do isolamento social é apontada como uma das causas principais para a disseminação da doença. Levantamento mais recente aponta que apenas 40% da população está respeitando o decreto e permanecendo em casa. A abertura de parte do comércio e as filas na Caixa Econômica em razão do auxílio-emergencial pago pelo Governo Federal também estão entre as causas dessa alteração no foco de contaminação.
A capital do Rio Grande do Norte já conta 16 óbitos e outras cinco mortes estão sob investigação. Ao todo, 802 moradores de Natal já foram diagnosticadas com a Covid-19. Há ainda 2.967 suspeitos aguardando o resultado dos exames.
Os bairros de classe média e alta que concentravam o maior número de diagnosticados com a Covid-19, nas primeiras semanas da pandemia, estão reduzindo o percentual de incidência da doença. A região mais afetada é também a mais populosa de Natal. A Zona Norte aparece no topo do ranking com três bairros nas primeiras colocações entre as localidades com mais pessoas doentes. Apenas cinco bairros da Zona Norte concentram 274 pessoas diagnosticadas com a doença, o equivalente a 34,12% de todos os casos de Natal.
Levando em consideração apenas as Zonas Norte e Oeste, o percentual de pacientes confirmados com a doença chega a 57%.
O monitoramento é atualizado diariamente por uma equipe do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da UFRN. Para acessar os dados clique aqui.
O Potengi aparece no topo da lista com 11,4% dos casos, seguido de Nossa Senhora da Apresentação, com 8,29% dos pacientes e Pajuçara, com 7,58% das pessoas contaminadas pelo novo Coronavírus. Na 6ª posição está Lagoa Azul, com 4,98%. Igapó concentra 2,13% diagnosticadas com a Covid-19.
O secretário de Estado de Saúde Pública Cipriano Maia afirmou que essa tendência já vinha sendo monitorada e prevista pelos órgãos de vigilância.
– Já era previsto. Essa contaminação se fez primeiro pelas pessoas que estavam viajando, que infectaram familiares em convívio social e, depois, o esperado é que essa contaminação fosse disseminada. Há diversos bairros em que condições de moradia e saneamento influenciam na transmissão. Há algumas habitações em que a transmissão se dá dentro do domicilio. Para alguns setores isso se torna mais difícil… ainda teve as filas da Caixa Econômica, a reabertura do comércio… é um cenário extremamente preocupante”, afirmou.
De acordo com Maia, os efeitos das filas na Caixa Econômica ainda não apareceram no número de casos, mas já é possível percebê-los na quantidade de internações.
– Ainda não apareceu com muita força no número de casos, mas nas internações já é palpável, tanto nos leitos públicos, como nos privados, incluindo os leitos clínicos. Já é latente”, disse.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado nesta quinta-feira (7), o Rio Grande do Norte já conta com 246 pacientes internados nas redes pública e particular. Desses, 109 ocupam leitos clínicos, 60 semi-intensivo e 77 estão em UTI.
A Sesap não publica os dados de internações por município. No entanto, no mais recente balanço divulgado pela prefeitura de Natal, em 5 de maio, é possível perceber uma preocupação com as aglomerações registradas nos bairros onde estão o maior número de pessoas doentes na cidade.
– O mapa de calor com os casos confirmados da Covid-19 em Natal, no ano de 2020, apresentam áreas com concentração de casos em todas as regiões do município. Na última semana (26/04/20 a 02/05/2020), a região norte, leste e sul apresentou os maiores aglomerados de casos confirmados. Na região Norte os bairros em destaque foram: Potengi e Pajuçara, seguido da zona Leste com o bairro Areia Preta e distrito Sul com os bairros Lagoa Nova e Capim Macio”, diz um trecho do documento.
O aumento das aglomerações detectados pelo mapa de calor da cidade tem consequências diretas nas internações. De acordo com a prefeitura, a UPA de Pajuçara, na Zona Norte, está com 100% dos leitos disponibilizados para Covid-19 ocupados. Na mesma região, a UPA Potengi tem uma taxa de ocupação de 57,14%. Na Zona Oeste, 66,6% dos leitos da UPA da Cidade da Esperança também já estão com pacientes.
Questionado sobre medidas o Governo voltadas para as regioes periféricas da cidade, Cipriano Maia lembrou que os municípios precisam assumir as medidas de proteção e cumprir as determinações previstas nos decretos já publicados:
– Essas medidas precisam ser assumidas pelos municípios com base em todas as recomendações que os decretos têm apontado, seja proteção aos idosos e a outros grupos. Há parceirias em andamento com organizações da sociedade civil de modo voluntário, ações de orientação e teleatendimento. Mas essa medida mais próxima é com os municípios. O Estado vem fazendo todas as orientações”, disse.
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