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quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Carlos Bolsonaro será denunciado por apologia à tortura na Câmara do Rio.

Bolsonaro e o filho Carlos.
Bolsonaro e o filho Carlos. FACEBOOK

O vereador Carlos Bolsonaro, filho do candidato de extrema direita do PSL à presidência Jair Bolsonaro, publicou na ferramenta stories de seu perfil de Instagram a foto com simulação de tortura que mostra um homem ensanguentado, com os braços amarrados, um saco na cabeça e a hashtag #EleNão, que designa a mobilização capitaneada por mulheres e outras minorias contra Bolsonaro, escrita no peito. Na publicação, Carlos, além de marcar o perfil @direitapvh, escreveu: "Sobre pais que choram no banheiro". A expressão é popularmente usada em alusão a pais desapontados com os filhos e que, em muitos dos casos e memes, teriam vergonha por terem filhos homossexuais. A publicação causou ultraje nas redes sociais e o vereador será acionado pela oposição na Comissão de Ética da Câmara do Rio sob acusação de apologia à tortura.


A mesma imagem perturbadora, replicada potencialmente para os 514.000 seguidores do filho de Bolsonaro, foi publicada há um dia atrás pelo perfil crítico do PT e pró-Donald Trump citado por Bolsonaro, o @direitapvh, conforme publicou o jornal Valor Econômico. Nesta publicação, já estava a frase "sobre pais que choram no banheiro" ao lado de críticas de seguidores e de frases de apoio a Bolsonaro.

Em meio à repercussão nas redes, o vereador Carlos Bolsonaro atribuiu a postagem, na tarde desta quarta-feira, a Ronaldo Creative, um perfil fechado no Instagram que defende a arte como forma de protesto e participa da campanha #EleNão. A versão do vereador é que ele publicou apenas para criticar a manifestação do suposto artista. Esse perfil, com apenas dezenas de postagens e sem presença sob a mesma identidade em outras redes sociais, teria publicado a imagem em referencia à repressão e censura contra o movimento #EleNão. O vereador do Rio de Janeiro disse que, ao escrever a expressão "sobre pai que chora no chuveiro", se referia à "vergonha que um pai deve sentir ao ver um filho postar uma m**** de imagem dessas e achar que é arte ou o que é pior, relacionar com a imagem do candidato".

 
Novamente inventam como se eu tivesse divulgado uma foto dizendo que quem escreve a hashtag #elenao mereceria alguma maldade. Não, canalhas! Foi apenas a replicação da foto de alguém que considera isso uma arte. Me agradeçam por divulgar e não mintam como sempre!

- OBS: "Pai que chora no chuveiro" é uma expressão relativa a vergonha que um pai deve sentir ao ver um filho postar uma merda de imagem dessas e achar que é arte ou o que é pior, relacionar com a imagem do candidato. Segue a verdade:

O vereador do Rio de Janeiro, David Miranda (PSOL), anunciou que vai apresentar uma denúncia contra o vereador por quebra de decoro em razão da reprodução da imagem que simula a tortura. Para Miranda, que é ativista LGBTi+, a postagem representa apologia à tortura e à homofobia. O candidato à Presidência do PDT Ciro Gomes também criticou o vereador e cobrou providências das autoridades. Carlos Bolsonaro é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos no Rio de Janeiro. A bancada do PSOL na casa legislativa também assinará a denúncia por quebra de decoro. "Essa postagem não vai intimidar as mulheres e nem os LGBTi+ que se organizam contra essa família. Resistência é a única palavra de ordem", afirma o vereador David Miranda. O deputado federal Jean Wyllys (PSOL) também acionou o Ministério Público do Rio de Janeiro contra Carlos Bolsonaro. Segundo o deputado, a publicação lesa aos direitos humanos.

"Bolsonaro defende o torturador Brilhante Ustra. Seu vice, (Hamilton Mourão), também defende torturadores. Agora, seu filho, faz apologia à tortura. Não é por acaso. É absurdo que as autoridades não tomem providências. Nós temos que encerrar essa cultura de ódio", escreveu o candidato Ciro Gomes (PDT).

Tanto Bolsonaro como Mourão consideram "herói" o coronel Carlos Brilhante Ustra (1932-2015). Ustra foi chefe de um importante centro da repressão durante a ditadura militar e reconhecido como torturador pela Justiça brasileira e pelo relatório oficial da Comissão Nacional da Verdade, de 2014.

Matéria do EL País

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