O professor de Ciências e paleontólogo amador João Tadeu Arruda, de 62 anos, é procurado pela polícia sob acusação de ter matado um trabalhador rural e ferido outro, após uma discussão por causa de barulho na casa dos vizinhos. A briga aconteceu na madrugada de domingo, em General Salgado, a 545 quilômetros da capital. Arruda ficou conhecido por ter descoberto uma espécie única de crocodilos que habitou o interior de São Paulo há 90 milhões de anos.
Arruda teria se irritado com o alto volume de uma festa que era realizada ao lado de sua casa, em uma república de cortadores de cana. Eles vieram do Nordeste e haviam se mudado para a cidade havia três meses para trabalhar nas usinas da região.
Depois de discutir com os trabalhadores rurais, Arruda voltou para casa, pegou uma carabina, voltou para a casa dos cortadores de cana e fez pelo menos cinco disparos. Atingido por dois tiros, José Raimundo Patrício Ferreira, de 33 anos, morreu na hora. Um colega de Ferreira, de 19 anos, também foi baleado e estava, até a noite de ontem, internado em estado grave. Arruda fugiu em seguida.
Revoltados, outros cortadores de cana apedrejaram e atearam fogo à casa do professor. Vizinhos apagaram o incêndio. A polícia apreendeu a carabina calibre 22 deixada pelo professor.
Ontem, o delegado seccional de Araçatuba, Nelson Barbosa Filho, disse que o advogado de Arruda procurou a polícia para informar que seu cliente deverá se apresentar nos próximos dias. “O advogado nos disse que ele (professor) não se apresentou ainda porque está com medo de sofrer retaliações por parte dos colegas das vítimas”, disse.
Testemunhas disseram à polícia que as discussões entre vizinhos e os cortadores de cana eram frequentes e que o professor já havia registrado boletim de ocorrência para denunciar o barulho. “O delegado que cuida do caso deverá decidir se pede ou não a prisão temporária do acusado quando ele se apresentar”, disse Barbosa Filho.
Crocodilo Arrudai. Pesquisador de fósseis encontrados nas proximidades de General Salgado, Arruda foi quem descobriu, em 2005, o crocodilo-tatu, uma espécie única que viveu há milhões de anos na região noroeste do Estado de São Paulo. O animal levou o nome do professor, que dá aulas no Ensino Médio: Armadillosuchus arrudai. O animal tinha cerca de dois metros de comprimento e peso estimado de 120 quilos.
O crocodilo tinha uma carapaça semelhante a de um tatu, daí seu nome. Com crânio largo, focinho curto e estreito e placas ósseas distribuídas como armadura no pescoço e dorso, o crocodilo-tatu era uma espécie única e distinta da dos outros tipos de animais que viveram na Terra há 90 milhões de anos.
Fonte: Estadão
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