De acordo com o último senso do IBGE, do contingente de brasileiros que vive em condições de extrema pobreza (8,5% da população), 4,8 milhões têm renda nominal mensal domiciliar igual a ZERO, e 11,43 milhões possuem renda de R$ 1 a R$ 70. No Brasil, há cerca de 11 milhões de brasileiros desempregados. A realidade é dura.
E enquanto isso, há quem pare de trabalhar porque se recusa a receber um salário mensal de R$ 958,00. É o caso dos operários da Arena das Dunas, o estádio de Natal para a Copa de 2014. Os cerca de 600 homens estão de braços cruzados há quase duas semanas porque encheram os olhos sobre os salários de seus colegas de outras capitais onde também haverá o mundial de futebol. Querem receber a mesma quantia.
Não há atraso nos pagamentos, não há insalubridade, não há descumprimento de obrigações trabalhistas. Eles apenas querem ganhar mais e, por isso, têm gastado o tempo de expediente jogando baralho. Isso mesmo. Ao invés de tocarem a obra para a qual foram contratados, ocupam o canteiro de obras, mas ficam jogando conversa fora, como contou o representante dos trabalhadores, André Rogério, ao Blog do BG.
E como bons oportunistas, eles estão usando o fator tempo como um aliado. Está claro que estes operários estão se aproveitando da urgência de continuidade da obra para forçar a construtora responsável, a OAS, a ceder às reivindicações.
E como se não bastasse pararem de trabalha, ainda se acham no direito de sair pelas ruas fazendo fanfarras ao som de Grafith, interrompendo o fluxo do trânsito em horários de pico e ameaçando motoristas que tentarem furar a barreira de desocupados. Uma leitora do blog teve, inclusive, seu carro danificado.
Sem pé nem cabeça
Ora, eles querem equiparar seus salários ao de profissionais de grandes capitais. Mas isso é possível? Um jornalista paulista, por exemplo, ganha o mesmo que um potiguar? Obvio que não. Cada lugar possui suas especificidades, o que inclui a economia e os salários.
E os operários da Arena das Dunas ganham muito melhor que muito trabalhador por aí. De acordo com a construtora OAS, o salário de um pedreiro era de R$ 827,20, enquanto o do servente era de R$ 675. Mas em março foi acordado um abono salarial que acrescentou a esses valores R$ 131 e R$ 108, respectivamente.
Não quer, tem quem queira!
Uma fila se formou hoje em frente à Arena das Dunas. Eram homens se cadastrando para ocuparem essas vagas que são desdenhada por estes ‘trabalhadores’. A empresa nega que já esteja se preparando para substitui-los, e afirma que trata-se de um trabalho de rotina.
“Nós estamos sempre cadastrando novas pessoas. Hoje nós temos 600 funcionários e uma previsão de, até o fim da obra, chegar a 1.200. Então recebemos todos que quiserem se cadastrar”, explicou Arthur Couto, gerente de marketing da OAS.
Sobre a perda de tempo provocada pela paralisação que continua, ele disse que a empresa sempre fará de tudo para superar o cronograma da FIFA. A entidade quer receber o estádio pronto em dezembro de 2013.
Paralisação continua descumprindo ordem judicial
Os trabalhadores já anunciaram que permaneceram parados até a próxima segunda-feira. A medida, no entanto, contraria uma decisão judicial válida desde segunda última, 9. O desembargador do TRT/RN, Carlos Newton Pinto, magistrado de plantão no feriado da Semana Santa, concedeu liminar determinando o retorno ao trabalho dos operários que estão construindo a Arena das Dunas.
Em sua decisão, o desembargador ainda fixou uma multa diária de R$ 50 mil, imposta ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário do Estado do Rio Grande do Norte (Sintracomp), em caso de descumprimento.
Carlos Newton Pinto autorizou, também, “com fundamento na OJ nº 10 da SDC”, o desconto dos dias não trabalhados pela empresa até o efetivo retorno ao trabalho.
FONTE: BLOG DO BG
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