A violência no Rio Grande do Norte continua atingindo e superando marcas preocupantes. Neste sábado (26), segundo levantamento feito pelo Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO) – instituto que contabiliza e analisa os crimes contra a vida – o estado chegou a 1.000 assassinatos registrados somente este ano – o que dá uma média de 6,8 homicídios por dia. A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública disse que o órgão não vai cometar os dados do OBVIO.
“Uma pena. Nós não merecemos isso”, disse o especialista em gestão e políticas de segurança pública Ivenio Hermes, que também é coordenador do instituto. “O tratamento inadequado às causas da violência não gera um entendimento amplo do fenômeno da violência no Rio Grande do Norte, e isso se mostra nas ausências do Estado em diversas áreas que se correlacionam em políticas de segurança pública”, comentou.
Contador de homicídios do OBVIO (Foto: OBVIO)
Em comparação ao mesmo período do ano passado, ou seja, levando em consideração a quantidade registrada de pessoas vítimas de homicídio entre 1º de janeiro e 27 de maio de 2016, o ano de 2017 já contabiliza um crescimento de 27,6%.
"O Estado simplesmente não consegue promover meios de reduzir a violência de forma duradoura"
“As ações de redução não se sustentam porque as lacunas deixadas pelo Estado se tornaram um espaço propício para o crescimento da influência de grupos de criminosos. Ao deixar de priorizar investimentos para reforçar os três principais retroalimentadores da violência: a impunidade, o tráfico de drogas e o descontrole no sistema carcerário, o Estado simplesmente não consegue promover meios de reduzir a violência de forma duradoura”, critica Ivenio.
“Seguindo essa sequência de perdas de espaço, onde as ausências do estado são supridas pelos criminosos nas comunidades, 2017 já desponta como o ano mais violento da história do Rio Grande do Norte”, acrescenta o especialista.
Além de homicídios dolosos, entram na estatística elaborada pelo OBVIO outros crimes violentos que resultem em morte, como roubo (no latrocínio), estupro ou lesão corporal seguidos de morte. Cadáveres e ossadas encontradas e mortos em confrontos policiais também são considerados.
Cidades mais sangrentas
Em Natal, foram 264 assassinatos entre 1º de janeiro e o início desta manhã, dia 14 de maio. Na lista das cidades mais violentas do no estado, também preocupam:
Mossoró, com 107 homicídios contabilizados;
Parnamirim, com 69;
Ceará-Mirim, com 64;
Macaíba, com 40;
São Gonçalo do Amarante, com 35.
Cidades mais violentas do RN (Foto: OBVIO)
Capital mais violenta do país
No início do mês, uma pesquisa elaborada e divulgada pela ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal, revelou outro dado preocupante ao apontar Natal, a capital potiguar, como a 10ª cidade mais violenta do mundo. A lista, que possui 50 cidades, inclui 19 cidades brasileiras. Destas, Natal é a primeira, com 69,56 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.
G1
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