O beijo da traição politica.

Certo dia um colega da imprensa local me falou que na politica o charme é trair, confesso que fiquei indignado com essa colocação no primeiro momento, pois na minha mente, política é conjunto de elementos que se interligam, com vistas ao cumprimento de um fim.

O bem-comum da população do município a quem se destinam,  e para tal deveria ser feito com ética, coerência e respeito ao fim de ser ter uma lógica nas ações de quem a pratica.

Com o passar do tempo fui percebendo que meu colega tinha lá suas razões, a minha ideia continua a mesma, mas anos a fio temos presenciado atitudes no cenário político de Guamaré que justificam perfeitamente a frase dita.

Na verdade os candidatos, quando eleitos, evidenciam e preservam esse elemento clássico das relações de poder: O signo da traição na política e como num toque de mágica desenvolvem a capacidade de converter supostos compromissos em meros joguetes de palavras.

O estranho é que quanto maior é a traição diretamente proporcional é a valorização que o sujeito adquire junto aos seus adversários (ou aliados).

Pois bem…

O beijo da empresária e vereadora eleita, Francisca Galdino da Silva Barbosa (PMDB), popularmente conhecia como Francisca do Camarão, no prefeito Hélio Willamy, repercute até hoje nos quatro cantos da cidade e nas redes sociais, um beijo que teve um gosto amargo, o beijo da traição.

É fato público que Francisca considerava o prefeito Hélio como seu líder e melhor amigo, a atitude da empresária naquele dia inesquecível, e me fez lembrar-se de uma passagem bíblica do livro de Lucas, do beijo de Judas Iscariotes.

Um beijo não foi dado na escuridão da noite, mas no claro do dia, especificamente na inauguração de um pacote de obras da prefeitura. Francisca tinha no governo a confiança, a lealdade, inúmeros benefícios, como por exemplo, seu esposo Barbosa era secretário de Pesca e Carcinicultura, onde acomodava vários assessores indicados por ela na pasta, dentre outras regalias.

Entre tantas inaugurações de obras naquele dia, o beijo da traição politica aconteceu exatamente ao cortar da fita da reinauguração da Escola Municipal Benvinda Nunes Teixeira. Local escolhido por ela para sinalizar que em breve o prefeito seria covardemente traído.

Os sinais apontavam que eleita, seu plano iria se concretizar na eleição da presidência da câmara. “Aquele que come do meu pão levantou contra mim o calcanhar” (Salmo 41,10).

Naquele dia, Francisca não se importou com a multidão de pessoas que prestigiava as inaugurações, ela se aproximou do seu líder e o beijou. Sem dúvida, em muitas outras ocasiões, ela havia beijado o prefeito Hélio, era a maneira típica de cumprimentar um homem que ela o considerava o melhor prefeito que Guamaré já teve.

Observe no semblante do prefeito Hélio que ele sentiu no beijo o gosto amargo da traição. Naquele dia para ela foi o lugar favorito para trair um homem de bem, um homem do povo, um prefeito que lhe deu vida e poder, para logo depois ser traído por uma mulher que sempre quis mais… Muito mais!

No 1º de janeiro de 2017, já eleita vereadora do município pela o PMDB, Francisca concretizou seu plano em parte, quando chegou a divulgar nas redes sociais, e afirmar ao próprio prefeito e ao seu irmão, vereador Eudes Miranda, que votaria em seu candidato a presidência da câmara, mas ela fez o oposto no dia da votação, sendo o voto de minerva, o voto da decisão, com seu voto, Emilson Borba (LULA), foi eleito presidente do Poder Legislativo.

Não faltou quem alertasse ao prefeito Hélio que Camarão tinha um carinho fingido que escondia os motivos verdadeiros da pessoa que ela oferecia. Francisca pode ter dado durante a primeira gestão do prefeito, a aparência de carinho para um observador comum, mas a verdade é que a ganância pelo o poder havia entrado em seu coração.

Devemos ser cautelosos para não usarmos a “afeição” que temos um pelo outro como uma máscara pela malícia ou ódio que na realidade sentimos. A malícia e o ódio são errados, mas cobri-los com sentimentos fingidos não é uma solução!

Uso com o empréstimo o livro de provérbios 27:6 “Melhor que o meu amigo me fira me contando a verdade, a respeito de mim mesmo para que eu possa mudar, do que o meu inimigo me beije, desejando o meu fracasso o tempo inteiro”.