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terça-feira, 12 de junho de 2012

Emparedar o judiciário é trabalhar por ditadura


 É das mais preocupantes e deletérias a estratégia que o advogado, ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, ainda hoje o alter ego do ex-presidente Lula da Silva, propôs no último fim de semana a estudantes de todo o país. Ele os quer transformar numa espécie de "caras pintadas" ao avesso, propondo que se transformem em bucha de canha de uma batalha que pode levar o Brasil a enorme arrependimento.
Discursando durante o 16º congresso nacional da União da Juventude Socialista, braço estudantil do PCdoB, que foi realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), José Dirceu convocou os educandos a saírem às ruas para pressionarem o Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de adiar o julgamento dos réus da roubalheira carimbada como "Mensalão".
Principal integrante dessa lista negra, interessa a José Dirceu postergar o início do julgamento porque tem ciência de que os autos o condena e a seus asseclas.
Com as instituições de representação dos estudantes penduradas nas tetas do governo federal pelo menos desde que Lula, na presidência da república, encheu as burras da União Nacional (Une), a pretexto de lhe devolver uma sede burramente destruída pela ditadura militar, não é difícil imaginar que José Dirceu tende a colher dessa semeadura.
Neste caso, veremos a história se repetir de maneira triste, com a imagem dos "caras pintadas" a serviço da corrupção, em gritante contraposição à que projetaram no início dos anos noventa quando ajudaram o Brasil a defenestrar da presidência da república, por corrupção passiva, o atual senador Fernando Collor de Melo. Com isto, egoisticamente, José Dirceu colocará os jovens de faces coloridas lado a lado com o mesmo Fernando Collor que lhes era simplesmente nojento e desde aquela época nada fez para melhorar seu perfil.
O pior da história, contudo, não é o emporcalhamento da imagem dos caras pintadas, e sim a contribuição que, cedendo a este canto de sereia, poderão emprestar ao desmoronamento do que resta de tranqüilidade institucional e preservação do estado de direito no Brasil. Eles estão sendo instados a tentar emparedar a justiça, como vergonhosamente Lula tentou há poucas semanas, em defesa dos mensaleiros, ao chantagear o ministro Gilmar Mendes e por intermédio deste a outros integrantes do STF que querem começar a julgar esses réus agora no meio do ano. Ninguém está acima da lei, mas submeter a suprema corte a baderna é algo que precisa ser evitado, sob pena de algum dia nem os esforços de limpeza do poder judiciário segurarem um processo de desestabilização do regime de que o país desfruta, rumo a um endurecimento que só atende a interesses escusos.

FONTE: ROBERTO GUEDES

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