Servidores da Secretaria Municipal de Assistência Social sofreram represálias por parte da gestão após denunciarem na imprensa a situação deplorável de trabalho no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) Norte. Mais da metade da equipe foi remanejada e uma servidora foi demitida.
O problema começou no bairro Moema Tinoco, onde o Creas Norte tinha a sua sede. A chuva da última semana inundou de forma rápida o local, estragando móveis, pisos e paredes. Sem o mínimo de condições para trabalhar no prédio, os servidores recorreram a Secretaria, que transferiu o serviço para uma casa na João Medeiros Filho.
Chegando lá, os servidores foram novamente surpreendidos, pois o local entregue pela Prefeitura estava completamente sujo e sem nenhuma estrutura para manter a rotina de trabalho, levando os servidores a denunciar a situação na imprensa. “No início nós até organizamos a equipe para limpar a casa, mas foi impossível quando vimos a quantidade de ratos e baratas que estavam lá”, revela uma das servidoras que não quis se identificar.
Com a situação, os servidores do Creas Norte foram para o Cras Salinas, funcionando de forma irregular até que a Semtas providenciasse um local adequado para a realização dos serviços. Buscando um diálogo com a gestão, as servidoras do Creas Norte foram na tarde desta terça-feira (10) à sede da Semtas. A Secretária Titular, Ilzamar Pereira não pôde recebê-las, encaminhando-as para uma reunião com a Secretária Adjunta, Maria José Medeiros, a Chefe do Departamento de Média Complexidade, Janeide Teotônio e a diretora do Departamento de Medidas de Proteção Especial (DPSE), Edna Oliveira.
Durante a reunião as servidoras exibiram slides com as fotos dos locais para onde tinham sido transferidas, mostrando as péssimas condições que foram submetidas, além de falarem sobre os anseios de melhorias no trabalho. Em contrapartida, a proposta apresentada pela gestão que demonstrou irritamento com a exposição na mídia foi remanejar mais da metade da equipe para outros Centros mais distantes, acabando com o Creas Norte. “A Prefeitura pode remanejar servidores, entretanto não da forma abusiva como vem fazendo. E já que existe uma demanda representativa de usuários na Zona Norte da capital, a solução plausível seria encontrar outro prédio para acomodar o Creas Norte. É por isso que a atitude da Semtas não nos convence, estamos sofrendo represálias por tornar o caso público”, destaca uma das servidoras que prefere manter a sua identidade sob sigilo.
Por conseguinte na manhã de hoje (11), uma das servidoras mais atuantes do Creas Norte, Eliane Silva que já havia assumido a coordenadoria do Centro foi demitida. Desde 2010 ela atuava na Semtas através da extinta Ativa e atualmente era contratada por meio do último processo seletivo que venceu nesta quarta-feira. Eliane conta que tinha perspectiva de renovação do contrato, mas ouviu da própria gestão que a dispensa do serviço foi por ela ter reclamado das péssimas condições de trabalho oferecidas pela Semtas. “Fui uma servidora exemplar, com referência na articulação do atendimento ao usuário, nunca tive problema com horários e faltas. Pelo contrário, tenho conhecimento especializado do serviço. O motivo real por ter sido demitida eu escutei da Chefe do Departamento de Medidas de Proteção Especial (DPSE), Edna Oliveira que falou com todas as letras que fui dispensada porque denunciei as péssimas condições do prédio da Moema Tinoco. Isso é uma afronta ao servidor comprometido, quebrando a continuidade da política social implantada e prejudicando a população que precisa de amparo”, desabafa Eliane.
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Natal (Sinsenat) repudia a ação da Semtas e irá formalizar as denúncias no Ministério Público, colocando a sua assessoria jurídica a disposição para abrir um processo pela recondução da servidora ao trabalho.
Com informações de assessoria
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