Em reunião de três horas com Dilma Rousseff nesta quarta (25), os nove governadores do Nordeste entregaram à presidente uma carta de apoio e se comprometeram a ajudar a aprovar o ajuste fiscal –mas também apresentaram uma pauta de pedidos.
“Não podemos concordar que o legítimo exercício do direito de oposição e de livre manifestação seja confundido com teses sem qualquer amparo na Constituição Federal, e que dificultam o pleno funcionamento das instituições brasileiras”, diz a carta, em referência indireta à pressão pelo impeachment de Dilma.
Os governadores dizem no documento apoiar “as investigações dentro do Estado de Direito e o combate incessante à corrupção, com a punição de todos os culpados em quaisquer casos”, mas entender que “o Brasil não pode ser o país da agenda negativa e única”.
Falando sobre o ajuste fiscal, afirmam: “Reconhecemos as dificuldades econômicas por que passa o Brasil, derivadas em larga medida da continuidade da crise mundial inaugurada em 2008. Por essa razão, compreendemos a necessidade de medidas de ajuste fiscal, de caráter transitório e emergencial”.
A ideia é que os governadores conversem com as bancadas de seus Estados no Congresso para assegurar que as medidas legislativas do ajuste (duas Medidas Provisórias e um projeto de lei) sejam aprovadas.
PAUTA
Já a pauta apresentada governadores tem cinco pontos. Eles pedem, apesar do ajuste, maior acesso a crédito (em especial com órgãos internacionais); a continuidade de investimentos federais em andamento; novas fontes de recursos para a saúde, em especial a taxação de grandes fortunas; a entrada em funcionamento do Sistema de Segurança Único; e o aumento de ações contra a seca na região.
Em entrevista depois da reunião, Rui Costa (PT), governador da Bahia, disse que a presidente concorda com a discussão da taxação das grandes fortunas –defendida pela esquerda para aprofundar o ajuste fiscal. Já o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) disse que o “governo vai estudar essa possibilidade”.
O ministro disse também que algumas medidas anti-seca, como a intensificação do uso de caminhões pipa e a instalação de adutoras, serão imediatamente tomadas.
Sobre as questão da renegociação das dívidas, Mercadante afirmou que o governo tem “segurança” de que um entendimento sobre um assunto será alcançado na semana que vem, quando Joaquim Levy (Fazenda) vai ao Senado.
Segundo ele, e outros governadores presentes no encontro, o tema não foi tratado na reunião por não ser prioritário para a região. “70% da dívida se refere às cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.”
Ele negou que o corte de ministérios, como quer o PMDB e a oposição, seja essencial ao ajuste. “[Corte] de ministério não resolve o problema fiscal do país”, disse.
Questionado se iria voltar para o Ministério de Educação, Mercadante falou: “Estou onde estou”.
Ele balança no cargo, graças a críticas vindas do próprio PT sobre sua inabilidade no trato com o PMDB, o que teria aguçado a crise política.
FolhaPress
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