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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Por que e a quem um certo tenente Styvenson incomoda tanto.


Espiando o Facebook na manhã desta sexta-feira, me deparei com esse belo texto do Jornalista Gerson de Castro em sua página, num momento que a sociedade começa a se acostumar com as inversões de valores, a conviver naturalmente com o errado, nada mais atual do um texto deste. Segue:
Tem gente incomodada com a superexposição da figura de um certo tenente da Polícia Militar que atende pelo nome de Eann Styvenson, nomes formados a partir de anagramas dos nomes de sua irmã e seu pai. Eu compreendo o incômodo que o oficial PM causa. Nao é pelo seu nome, um tanto original, tampouco pela farda que veste, igual à de tantos bons policiais que conheço e outros tantos de que tive notícias – nem sempre agradáveis – ao longo da minha carreira de jornalista.
O incômodo é com o trabalho que Eann Styvenson, a quem eu não conheço pessoalmente, realiza. Ele é é o homem que comanda o grupamento que realiza as blitzen da Lei Seca.
As pessoas que se incomodam com o que faz Styvenson e seus comandados deveriam estar preocupadas com os números das infrações de trânsito, a frequência com que ocorrem e as mortes e mutilações graves que elas provocam no caótico trânsito do nosso dia-a-dia.
E o incômodo com o trabalho do tenente Styvenson tem nomes, números, prontuários. São milhares de nomes, autos de apreensão de carteiras de motorista, resultado de sopradas em testes de bafômetros, feitas no meio da noite ou da madrugada por quem não deveria estar ao volante.
Styvenson não é nem nunca foi problema. Seu trabalho e sua exposição não deveriam incomodar. Aliás, tenho comigo que a superexposição a que está sujeito se deve simplesmente ao fato de que muitos e muitos motoristas continuam achando que a Lei Seca não é pra valer. E quando pegos, reagem de tudo que é jeito: com carteiradas – “sabe com quem está falando?”, abuso de poder, críticas, palavrões, sapatadas e até mordidas. Sim, teve caso de uma certa distinta senhora que literalmente desceu do salto e partiu para as vias de fato. O grau etílico – dizem os especialistas que o álcool destrava as inibições – fez com que a distinta senhora virasse uma espécie de Hannibal, a desejar eliminar a mordidas o obstáculo que a separava do tortuoso caminho de casa.
Dados recentemente divulgados pelo órgão da Prefeitura do Natal que cuida do trânsito – ou pelo menos deveria cuidar – mostram que os natalenses elegeram como forma de driblar o trânsito congestionado algumas atitudes como andar acima do limite de velocidade, avançar sinal vermelho e, quando o tempo é insuficiente para o tamanho da pressa, parar sobre a faixa de pedestre. E olhem que os números se referem apenas aos oito cruzamentos com maior movimentação de carro e gente da nossa cidade.
Estacionamento em local proibido, parar em cima de calçadas ou na frente das garagens alheias, então nem se fala. São pecados menores, para alguns, que mostram um comportamento do tipo “tô nem aí”. E ocupar as vagas destinadas a pessoas idosas ou com deficiências virou rotina.
Esse tipo de comportamento me faz entender por que tantos se incomodam com o trabalho de um certo tenente Styvenson. Eu confesso: não sou santo, nunca fui. Já dirigi depois de ingerir bebida alcoólica. Hoje, a maturidade, o bolso, e a repercussão negativa me fizeram reduzir drasticamente a possibilidade de me encontrar com Styvenson e seus comandados. Ele não está entre os meus receios. Os motoristas que as blitzen flagram, estes sim, é que estão nos meus piores pesadelos. Um pesadelo que ceifa vidas inocentes, mutila e destrói famílias para sempre.
Styvenson não deveria incomodar. É o nosso modo de viver e de agir no trânsito que deveria nos preocupar. Antes que seja tarde demais e nos tornemos apenas número de prontuário. Não nas blitzen policiais, mas em outros lugares bem menos acolhedores.
Gerson de Castro

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