Por UOL
Políticos que teriam sido citados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como participantes de um esquema de desvios em contratos da estatal receberam doações eleitorais de empreiteiras também suspeitas de envolvimento.
Segundo reportagem publicada pela revista “Veja” no último sábado (6), Costa afirmou, em delação premiada a procuradores federais, que políticos do PMDB, PP, PT e PSB receberam propina de empreiteiras firmaram contratos com a estatal. O montante recebido chegaria a 3% dos contratos.
Costa citou como recebedores de propina o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), a governadora da Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), os ex-governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Também foram citados os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI); os deputados federais Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti Filho (PP-SC); o ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP) e o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto.
Entre as construtoras investigadas na Operação Lava Jato da Polícia Federal, a UTC Engenharia, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Engevix e Galvão Engenharia fizeram doações eleitorais. A UTC teria sido citada pelo ex-diretor da Petrobras na delação premiada.
Candidato ao governo do Rio Grande do Norte, Henrique Alves recebeu R$ 1 milhão da OAS e R$ 150 mil da Queiroz Galvão. Os valores foram repassados pela direção estadual do PMDB, que recebeu, ao todo, R$ 3 milhões da OAS e R$ 2 milhões da Queiroz Galvão.
Cândido Vaccarezza, candidato à reeleição, recebeu diretamente R$ 150 mil da UTC. “Sou amigo há muitos anos do dono da UTC. Ele já doou para mim na outra eleição (de 2014). A UTC doa para todo mundo, pode ver. Não estou sendo investigado e não tenho nada com o Paulo Roberto Costa”, disse ao UOL.
Herdeiro político de Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, candidato ao governo do Rio de Janeiro, recebeu, por meio do comitê de campanha, R$ 3 milhões da OAS e R$ 1,5 milhão da Queiroz Galvão.
Filho de Renan Calheiros, o candidato ao governo de Alagoas Renan Filho (PMDB) recebeu, ao todo, R$ 2,8 milhões das empreiteiras investigadas –R$ 1,6 milhão da OAS, R$ 500 mil da UTC, R$ 457 mil da Camargo Corrêa e R$ 230 mil da Queiroz Galvão.
Já o diretório alagoano do PMDB recebeu R$ 7,6 milhões –R$ 3,3 milhões Camargo Corrêa, R$ 2 milhões da OAS, R$ 1,8 milhão da Queiroz Galvão e R$ 500 mil da UTC.
O senador Romero Jucá não é candidato, já que possui mais quatro anos de mandato. A direção do PMDB em Roraima, Estado do parlamentar, recebeu R$ 600 mil em doações da OAS. Mesma situação ocorre com o senador Ciro Nogueira. O diretório do PP no Piauí ganhou R$ 500 mil da OAS.
O deputado João Pizzolatti Filho desistiu de tentar a reeleição após ter a candidatura impugnada pela Justiça Eleitoral. O filho dele, João Pizzolatti Neto (PP-SC), indicado pelo pai para disputar uma vaga na Câmara, recebeu R$ 100 mil da OAS, mais da metade do total que já arrecadou em doações (R$ 178 mil).
Mário Negromonte não disputará nenhum cargo, mas seu filho, o deputado estadual Mário Negromonte Jr. (PP-BA), que concorre ao cargo de deputado federal, recebeu R$ 200 mil da OAS e R$ 100 mil da UTC.
Outro lado
O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, afirmou que não há irregularidade em receber doações de empreiteiras suspeitas de pagar propina a políticos de sua sigla. “Todas as doações são legais. Não vejo o menor obstáculo para essas doações. Não vejo diferença em receber de empreiteira, banco, mineradora, empreiteira, montadora. O grande câncer das eleições é o caixa dois.”
A assessoria de Renan Filho afirmou que as doações são “absolutamente legais, éticas e transparentes”.
A assessoria da campanha de Dilma, que também respondeu pelo PT, afirmou que “as doações são legais, declaradas e constam da prestação de contas ao TSE, em conformidade com a legislação eleitoral”.
A reportagem telefonou para o celular de Romero Jucá, mas as ligações caíram na caixa postal. Henrique Alves e seus assessores também não atenderam às ligações feitas pela reportagem. A assessoria do Pezão foi contatada, mas não respondeu ao email enviado.
A reportagem ligou na noite desta terça-feira (9) para os diretórios estaduais do PP na Bahia e em Santa Catarina, mas ninguém atendeu aos telefonemas. No gabinete de Negromonte Jr. ninguém foi localizado.
Procuradas, OAS, UTC, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Engevix afirmaram que todas as doações seguem a legislação eleitoral. A Galvão Engenharia não respondeu ao contato feito pela reportagem.
Sobre as investigações, a Camargo Corrêa afirmou que “já esclareceu anteriormente que não fez pagamentos a empresas com quem não tenha contratos legalmente estabelecidos e executados, muito menos com fins de repasse a políticos”.
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