Euripedes Dias

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Duas mulheres em defesa da Justiça. Três homens calados.


“Sem liberdade não há democracia. Sem responsabilidade não há ordem. Sem Justiça não há paz”, ensinou Cármen Lúcia.

Diante de Michel Temer, presidente da República, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados e Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado, duas mulheres defenderam e exigiram respeito à Justiça.  Os três, investigados por conta da Lava Jato, ouviram calados e não passaram recibo.

Convidado à falar se quisesse, Temer preferiu não. Sabe onde lhe apertam os calos. Irritou-se com duas decisões da Justiça tomadas nos últimos 45 dias – a que suspendeu parte do indulto de Natal concedido por ele e a que barrou a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) no Ministério do Trabalho.

Cármen Lúcia, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), foi a anfitriã da cerimônia que marcou a volta dos juízes das férias do fim do ano. Ela e Raquel Dodge, procuradora-geral da República, não deixaram barato a onda crescente de críticas à Justiça. Nem por isso se referiram aos autores dos ataques.

Dodge, mais uma vez, reafirmou sua posição favorável à prisão dos condenados em segunda instância – algo que, a depender de parte dos ministros do STF, em breve poderá ser mudado. Cármen Lúcia, a boa de palavra, mas nem sempre boa de voto, mandou recados à esquerda e à direita. Vista, pois, a carapuça quem quiser.

“Pode-se ser favorável ou desfavorável a decisão judicial pela qual se aplica o direito. Pode-se buscar reformar a decisão judicial, pelos meios legais e pelos juízos competentes. O que é inadmissível e inaceitável é desacatar a Justiça, agravá-la ou agredi-la”, disparou a presidente do STF.

Nos últimos dois anos, ninguém mais do que Lula e o PT têm desacatado, agravado e agredido à Justiça. Na semana passada, em voo de Brasília para Cuiabá, o ministro Gilmar Mendes foi desacatado, agravado e agredido verbalmente por um grupo de passageiros. O comandante do voo chamou a Polícia Federal.

Ricardo Noblat

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