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O Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse nesta terça-feira que medidas de isolamento social impostas por governos estaduais e recomendadas pelo Ministério da Saúde evitaram que o Brasil registrasse um aumento no número de casos da Covid-19 nos moldes do que aconteceu em Nova Iorque, nos Estados Unidos. As medidas, no entanto, são criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
– Nós temos hoje, nem sete dias que estamos ficando em casa. Por isso que é importante manter. Temos dois objetivos nessa fase: 1 – diminuir as nossas chances (de ser infectado) e de (a doença) chegar às grandes aglomerações; 2 – melhorar ao máximo as condições de trabalho e de equipamentos de proteção individual.
A declaração foi dada durante entrevista coletiva sobre o novo balanço de casos do novo coronavírus no Brasil. Segundo o último levantamento, o país tem hoje 5.717 casos confirmados e 201 mortes. Para Mandetta, já é possível afirmar que a velocidade de crescimento da doença no Brasil tem sido impactada pelas medidas para reduzir a circulação de pessoas.
– Uma coisa podemos afirmar categoricamente: o Brasil não entrou na espiral absoluta, a curva ascendente, na qual entrou Nova Iorque, porque houve essa conscientização de todo mundo – afirmou Mandetta.
O ministro disse, no entanto, que o “grau” de benefício dessas medidas ainda é incerto porque elas demorariam, em média, duas semanas para surtir efeito, que é o prazo de incubação da doença.
– Agora, o grau de benefício que a gente vai ter… (ainda é indefinido). A gente pára duas semanas para ver como isso vai replicar nas outras duas porque o tempo de incubação (da doença) são 14 dias. Muito caso que a gente está tendo hoje é reflexo de 14 dias atrás – disse o ministro.
O ministro defendeu a manutenção das medidas para evitar um “lockdown total” sem ter equipamentos de proteção aos trabalhadores. Ele lembrou que a China, maior produtora desses itens, parou por conta do coronavírus:
– Se a gente volta para uma atividade agora, pode acontecer de daqui a duas, três semanas começar uma ascendência e a gente não ter equipamento de proteção individual. E ter que ir para um lockdown total, para tentar proteger nossos trabalhadores. Não vamos fazer nada sem os números, epidemiologia e planejamento – disse Mandetta.
Número de curados
Questionado sobre número de curados, o secretário de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, afirmou que é “todo mundo que pegou o vírus e não teve complicação”. O ministro Mandetta, então, disse que a Universidade Federal de Pelotas e a Universidade de São Paulo (USP) farão um inquérito sorológico para estimar a quantidade de pessoas que já tiveram coronavírus no país, comparando o processo como uma pesquisa eleitoral, em que escuta “3 mil pessoas”, com “margem de erro três a mais, três a menos”.
– Aquilo ali a gente faz nas cidades, nos bairros, por amostragem. Usa um modelo matemático e fala: olha, pelo número que tem aqui, a gente sabe que 20%, 30%, que 500 mil, um milhão de pessoas já têm anticorpos. Isso vai ser um dos bons indicadores para saber momentos de acelerar ou desacelerar- afirmou o ministro.
– Tem muita gente que não vai ter nada, simplesmente vai ter o anticorpo. Aquele pessoa que deu sorte, pega o vírus aos 47 minutos do segundo tempo, ele está bem baleadinho, mas dá conta de entrar no seu nariz, mas seu sistema de defesa dá conta de tirá-lo, sem que você tenha nada, nenhum sintoma.
Ao fim da coletiva, Mandetta lamentou a morte de um amigo, Kiko Cangussu, blogueiro de Mato Grosso do Sul. O ministro contou que na noite de ontem ele fez uma postagem: “Socorro, Henrique”, após outras publicações, sobre relação entre sinusite e coronavírus. Cangussu foi encontrado morto pelo filho, provavelmente vítima de infarto, segundo o ministro.
– Um grande amigo, um cara que me ajudou muito na vida. E como ele falou “Socorro: Henrique e eu nao pude estar lá para ajudar, transmito aqui meus pêsames_ disse Mandetta, citando o filho do blogueiro, com voz levemente embargada.
– Desculpa aí, meu amigo, não deu para te socorrer na hora.
O Globo
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