Euripedes Dias

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Colômbia: um país em pânico por causa do zika.

Fabian Medina está internado com a síndrome de Guillain-Barré e chora ao lembrar que não usou repelente de mosquitos

Com mais de 30 mil infectados, a Colômbia é, ao lado do Brasil, um dos países mais atingidos pelo surto do vírus zika.

Ao contrário do vizinho, não é a microcefalia ─ tipo de má-formação cerebral em fetos – que preocupa o governo, mas o aumento significativo no número de casos da rara síndrome de Guillain-Barré.

Cientistas se mantêm cautelosos e evitam fazer uma associação direta entre o vírus e a síndrome que pode causar paralisia grave, mas nas regiões mais atingidas o pânico é real e está aumentando.

Fabian Medina, de 22 anos, é uma das vítimas da doença. Ele deveria estar no auge da vitalidade, mas parece um homem de 90 anos de idade. Medina está se recuperando da paralisia depois de passar duas semanas em uma unidade de terapia intensiva.

Se Medina não estivesse respirando com a ajuda de aparelhos, provavelmente estaria morto. Quando perguntado se tem filhos, ele levanta um dedo com muita dificuldade. Então, com um gesto circular, descreve a barriga da mulher, grávida, e cai em prantos.

A mulher de Medina, Karen, está grávida de três meses e teve zika. Os sintomas foram leves, mas as consequências ainda são desconhecidas.

“Meu medo é que nas notícias (sobre a doença) eles falam que o bebê pode ficar deformado. Estou muito assustada e rezo para que nada de mal aconteça com ele”, disse.

Karen se preocupa com a possibilidade de microcefalia. Os casos no Brasil se multiplicaram desde o início do surto: até o dia 30 de janeiro, foram notificados, segundo o Ministério da Saúde, 4.783 casos suspeitos de microcefalia, má-formação que prejudica o desenvolvimento do cérebro do bebê.

Muitos médicos na Colômbia acreditam que o vírus zika também esteja ligado à síndrome de Guillain-Barré.

Outros ainda permanecem céticos.

“Devemos ser muito cautelosos e não misturar muito as duas coisas”, disse o porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Christian Lindmeier, alegando que a associação entre o vírus e a síndrome ainda não foi comprovada.

Na cidade de Cúcuta, a população não tem muitas dúvidas: na cidade e nos arredores, há 27 casos da síndrome.

O surto da paralisia na Colômbia começou em outubro de 2015, mas apenas em junho deste ano as autoridades do país vão poder saber se também houve um aumento no número de nascimentos de bebês com microcefalia.

Por enquanto não há tratamento nem vacina. A melhor forma de se prevenir continua sendo evitar contato com mosquito Aedes aegypti, eliminando os criadouros, usando roupas com mangas longas, calças e repelentes de mosquitos.

No entanto, a reportagem da BBC observou que, em Cúcuta, os moradores continuam usando roupas leves e curtas, em grande parte devido ao calor do verão.

BBC Brasil

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