Segundo especialistas, índices de violência no RN são alarmantes (Foto: Ney Douglas)
O Rio Grande do Norte atingiu neste domingo (22) uma marca assombrosa: 2.000 homicídios no ano. Segundo o Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO) – instituto que contabiliza os crimes contra a vida no estado – nunca se matou tanto em toda a história do estado. No geral, o total de assassinatos é 25,8% maior que a quantidade registrada no mesmo período do ano passado – o que representa uma média atual de 6,80 mortes por dia. Natal, com 524 mortes, é a cidade potiguar mais violenta.
Do total de assassinatos, cerca de 78% estão relacionados com o tráfico de drogas, afirma Sheila Freitas, secretária de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed).
O que está acontecendo com a segurança pública do estado? Por que tanta violência? O que explica todo este sangue derramado? Qual a solução? Em busca destas respostas, o G1 pediu a juízes, promotores de Justiça, sociólogos e especialistas, todos com larga experiência na esfera criminal, que fizessem uma avaliação da situação.
Apesar de distintas as posições quanto ao papel desempenhado pelo Estado enquanto gestor da segurança pública, há pontos em comum. É unânime afirmar que é preciso investir, ou seja, mais recursos disponíveis, mais gente, mais equipamentos, melhores salários, além de mais educação, mais saúde, lazer, emprego. Enfim, é necessário, e urgente, políticas públicas eficazes de enfrentamento à criminalidade e também de transformação social.
Raimundo Carlyle, juiz criminal
Uma análise sobre a situação de violência no RN, em particular sobre o crescente número de mortes violentas letais intencionais, pode ser dividida em três pontos:
a) uma brutal ausência de investimentos em apoio social de base ao longo dos anos, o que fortalece as facções criminosas que passam a substituir o Estado. Exemplos: inexistência de escolas de tempo integral para as crianças carentes e de cursos profissionalizantes para os adultos marginalizados e os egressos do sistema prisional;
b) efetivo policial deficitário e sem previsão de elevação dos níveis de contratação e de produtividade das atividades ostensiva e preventiva, o que poderia ser remediado através da fiscalização intensiva do trabalho de patrulhamento e de investigação;
c) ineficiência no uso da inteligência policial estratégica, ou seja, no planejar das ações policiais baseadas em georreferenciamento de crimes, possibilitando a sua prevenção.
Por G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário