Apenas 80 pessoas detêm a mesma riqueza que metade da população mundial, ou 3,5 bilhões de pessoas, aponta relatório divulgado nesta segunda-feira pela ONG britânica Oxfam. Os dados, de 2014, mostram um aumento da desigualdade, já que em 2013 eram 85 bilionários. Em 2009, o número era de 388. Por outro lado, a parcela do 1% mais rico da população mundial está perto de controlar a maior parte da riqueza global. O grupo detinha 48% de toda a riqueza mundial no ano passado, frente a uma fatia de 44% em 2009. A previsão da organização é de que a participação deve passar de 50% em 2016.
O alerta é direcionado aos participantes do Fórum Econômico Mundial de Davos, que é realizado esta semana na Suíça.
“A escala da desigualdade global está simplesmente excessiva. A diferença entre os ricos e os demais está aumentando em velocidade muito rápida”, afirmou, em comunicado, a diretora-executiva da Oxfam, Winnie Byanyima.
Segundo a Oxfam, a crescente desigualdade está restringindo a luta contra a pobreza global e que, apesar do tema estar na agenda mundial, as diferenças estão aumentando. Winnie ressaltou que, embora líderes globais como o presidente dos Estados Unidos Barack Obama e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) venham defendendo a luta contra a extrema desigualdade econômica mundial, “ainda vemos muitos apenas falando”.
— Queremos realmente viver em um mundo onde um por cento é dono de mais do que o resto de nós combinado? Manter os negócios como de costume para a elite não é uma opção sem custos. O fracasso em lidar com a desigualdade vai atrasar a luta contra a pobreza em décadas. Os pobres são atingidos duas vezes com a desigualdade crescente: eles recebem uma fatia menor do bolo econômico e, porque a extrema desigualdade prejudica o crescimento, há um bolo menor para ser compartilhado — disse Winnie.
A Oxfam informou que iria pedir durante o encontro em Davos, com início marcado para quarta, que sejam tomadas atitudes para se lidar com a desigualdade crescente, incluindo a repressão contra a evasão fiscal por corporações e o avanço em direção a um acordo global sobre as mudanças climáticas.
De acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, os mais ricos do mundo adicionaram US$ 92 bilhões a suas fortunas em 2014. O maior ganhador foi o fundador do site de e-commerce chinês Alibaba, Jack Ma, ao lado de outros ganhadores, como o megainvestidor Warren Buffett e o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.
Nesta terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fará seu discurso anual à nação, em que deve anunciar aumento de impostos para os mais ricos. Parte dos recursos obtidos será direcionada para benefícios à classe média.
O Globo
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