O Chelsea, enfim, conquistou a Europa. Foi sofrido, como toda a campanha, na base do sufoco, contrariando prognósticos, mas os ingleses bateram o Bayern de Munique, em plena Allianz Arena, neste sábado, e se sagraram campeões da Liga dos Campeões pela primeira vez. A vitória veio nos pênaltis, de virada, pelo placar de 4 a 3, após 1 a 1 nos 120 minutos de bola rolando. Robben, que desperdiçou uma cobrança da marca da cal na prorrogação, Olic e Schweinsteiger foram os vilões alemães, enquanto Didier Drogba e o goleiro Petr Cech, é claro, se consagraram no inédito título dos Blues.
É inevitável não fazer uma ligação com a decisão de 2008, quando o Chelsea caiu também nas penalidades para o rival Manchester United. Em uma Moscou chuvosa, Terry escorregou na cobrança que garantiria a taça. Os Diabos Vermelhos levaram, mas os chamados Deuses do Futebol não deixaram que acontecesse novamente. Dessa vez, depois de Cech brilhar e defender três cobranças no total, Drogba deslocou um também heróico Neuer para decretar a festa dos cerca de 17 mil torcedores presentes no estádio e enterrar um fantasma recente.
Desde o primeiro tempo, o Bayern de Munique teve maior posse de bola e tentava explorar jogadas laterais, com Ribery, pela esquerda, e Robben, pela direita. Ainda assim, não conseguia entrar na defesa do Chelsea, bem postado defensivamente e que buscava incomodar em contra-ataques.
Mesmo com maior posse de bola, o clube bávaro chegou ao seu gol apenas aos 37 minutos do segundo tempo com Muller, de cabeça. O time alemão, porém, provou do próprio veneno cinco minutos depois e, também pelo alto, Drogba igualou o placar, levando a partida para a prorrogação.
No tempo extra, logo aos dois minutos Ribery foi derrubado por Didier Drogba dentro da área. Arjen Robben decidiu que iria cobrar a penalidade. O camisa 10, porém, chutou apenas com força, sem muita precisão e o goleiro Petr Cech caiu no canto esquerdo e conseguiu fazer a defesa, sem dar rebote.
Sem gols nos últimos 30 minutos, a partida foi para os pênaltis. Com erros de Schweinsteiger e Olic, o clube inglês venceu, já que apenas Mata perdeu sua cobrança. Drogba, decisivo no gol durante o tempo normal, e quase vilão no início da prorrogação, fechou a série rolando a bola no canto direito de Neuer, para grande festa do time inglês, na Alemanha.
Durante toda a competição foi assim. Primeiro, na última partida da fase de grupos, quando vencer o Valencia era a única opção. Em seguida, nas oitavas, o 4 a 1 em uma prorrogação no Stamford Bridge confirmou uma virada inesperada diante do Napoli de um time com técnico recém-demitido e derrotado por 3 a 1 no jogo de ida. Na semifinal, depois de passar pelo Benfica, os Blues contrariaram o mundo ao baterem o poderoso Barcelona. O russo Roman Abramovich, que levantou a taça na festa, já pode gritar para o mundo: seus milhões tornaram o Chelsea um grande europeu.
Ao Bayern restou a frustração e a manutenção do tabu de nenhum time nunca ter sido campeão em seu estádio. Essa foi a segunda derrota em uma decisão de Champions em três anos – em 2010 o algoz foi o Inter de Milão, no Santiago Bernabéu, em derrota por 2 a 0 no tempo normal.
O jogo
Em seu estádio e com o maior número de torcedores, o Bayern de Munique começou a partida com maior posse de bola. O time alemão rodava a bola, mas ainda assim tinha dificuldade para entrar na área do Chelsea, bem postado defensivamente e com clara decisão de jogar nos contra-ataques.
O clube bávaro passava maior tempo no campo de ataque e, para furar a retranca inglesa, explorava as laterais, com Ribery pela esquerda e Robben pela direita. O francês tentou o primeiro lance de perigo aos três minutos, mas ao chegar na linha de fundo o camisa 7 furou a bola, que saiu apenas em tiro de meta.
Pouco depois, Toni Kroos e Schweinsteiger tentaram chutes de fora da área, mas nenhum deles acertou a meta de Petr Cech. A primeira chegada do Chelsea no campo de ataque aconteceu aos seis minutos, com Didier Drogba: pela direita, o marfinense tentou o cruzamento, mas a bola saiu muito forte, pelo outro lado, na lateral.
Os ataque do Bayern eram atrapalhados pela falta de pontaria de seus jogadores. Ribery, Robben e Mário Gomez tiveram suas oportunidades, mas jogaram sem perigo por cima do gol. Depois de assustar em um vacilo de Bosingwa, o time de Jupp Heynckes criou boa chance aos 20 minutos.
Após tabela com Frank Ribery, Arjen Robben chutou firme e Cech, com a visão encoberta, defendeu no susto, com a perna direita. A bola ainda tocou na trave e o time alemão tentou reaproveitar a jogada, mas o clube inglês conseguiu, mais uma vez, conter o ímpeto dos donos da casa.
O jogo sofreu uma queda no ritmo e voltou a animar aos 34 minutos. Contento, substituto do suspenso Alaba, chegou bem à linha de fundo pela esquerda e encontrou Thomas Muller dentro da área. O camisa 25 pegou bem na bola, de voleio, mas ela saiu à direita do goleiro Petr Cech, que apenas acompanhou.
Na sequência, o Chelsea criou sua primeira chance clara de gol. Após bom toque de bola no campo de ataque, Kalou chutou no canto esquerdo, mas o seguro Neuer fez firme defesa, sem dar rebote. Com menos posse de bola, o time de Roberto Di Matteo manteve sua postura privilegiando a defesa, e tomou um susto com Gomez, que mais uma vez finalizou mal, na última grande chance da primeira etapa.
Após os 15 minutos de intervalo, o Bayern voltou com a mesma decisão de pressionar. Ribery, em velocidade, obrigou David Luiz a se esticar para cortar o cruzamento, logo no primeiro lance da segunda etapa. Com pouca chegada ao ataque, Drogba tentou repetir o feito do jogo com o Barcelona, quando chutou da intermediária, e testou Neuer. A bola, porém, saiu à direita da meta alemã.
Aos sete minutos, gol do Bayern anulado. Robben finalizou na entrada da área, a bola desviou em Ashley Cole, tirou Cech da jogada e sobrou para Ribery, na pequena área, mandar para as redes. O camisa 7, porém, estava em posição de impedimento e o auxiliar anulou corretamente o tento dos ‘donos da casa’.
Embora decidido a marcar, o Bayern tinha grandes dificuldades para entrar na área do Chelsea. Bem postado defensivamente, o clube inglês dava apenas oportunidades para chutes de fora da área, mas, ainda assim, não sofreu grandes sustos, uma vez que a mira dos rivais não era das melhores.
Com maior posse de bola e de escanteios, o Bayern rodava a bola na entrada da área, mas dificilmente criava problemas. Pelo Chelsea, aparentando estar satisfeito com o resultado, Didier Drogba, isolado na frente, tentava incomodar a defesa do time bávaro, especialmente pelas laterais.
A pressão do time alemão rendeu frutos aos 37 minutos. Em cruzamento de Schweinsteiger, Mário Gomez passou da bola e ela sobrou para Muller na segunda trave. O camisa 25 desviou de cabeça, ela tocou no chão e passou por cima de Cech, para morrer no fundo do gol inglês.
Já pensando em segurar o resultado, Heynckes colocou Van Buyten no lugar de Muller. O time, porém, não conseguiu manter o placar: aos 42 minutos, Juan Mata cobrou escanteio na primeira trave e Drogba, após se deslocar, fuzilou Neuer de cabeça. O arqueiro ainda desviou na bola, mas não conseguiu fazer a defesa, no lance que levou a partida à prorrogação.
No tempo extra, o Chelsea tentou começar pressionando, mas sofreu um susto aos dois minutos. Drogba tentou ajudar a marcação, mas derrubou Ribery dentro da área, cometendo a penalidade. No lance, que gerou o cartão amarelo ao marfinense a saída do francês, lesionado, Robben decidiu cobrar, mas não colocou muito no canto e Cech fez a firme defesa, fazendo osBluesrenascerem.
Mesmo cansados, os dois times continuavam a tentar – o Bayern mais presente no ataque e o Chelsea arriscando no contra-ataque. Ao clube bávaro, Olic perdeu grande oportunidade, pois preferiu tentar o passe a Van Buyten, em vez de finalizar, após bom lançamento de Lahm. Com isso, a decisão foi para as penalidades.
Na série, Lahm abriu o placar para o Bayern, que viu sua vantagem ser ampliada com o erro de Mata, que parou nas mãos de Neuer. Gomez e o próprio goleiro do Bayern fizeram, enquanto David Luiz e Lampard mantiveram os londrinos vivos na disputa.
Olic, em cobrança ruim, parou nas mãos de Cech. Ashley Cole empatou a série e, em seguida, Schweinsteiger, principal jogador alemão na final, desperdiçou. Com isso, coube a Didier Drogba marcar o último, fechando a série em 4 a 3, no título que ainda faltava na história do Chelsea.
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