Fim do tormento
Após quatro horas de negociação, Sintro e Seturn fecham acordo e ônibus voltam a circular após quatro dias de greve
Sérgio Henrique Santos
A greve dos rodoviários chegou ao fim, mas não as negociações por melhorias salariais e de condições de trabalho. Após quase quatro horas de negociação, o fim do movimento grevista foi decretado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro), Nastagnan Batista. Em assembleia que reuniu cerca de 30 integrantes do sindicato que representa a categoria, houve apenas um voto contrário à volta ao trabalho e uma abstenção. Os motoristas e cobradores de ônibus conseguiram 6% de reajuste salarial, conforme proposta apresentada pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Município do Natal (Seturn).
No final, rodoviários conseguiram reajuste de 6%, mas prometem continuar cobrando melhorias de condiçoes de trabalho. Desembargador se propôs a procurar prefeita para discutir reajuste da tarifa pedido pelos empresários. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press |
Só que não foi uma decisão fácil. A audiência presidida pelo desembargador José Rêgo Júnior, presidente em exercício do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RN), foi permeada pelo impasse. "De hoje não passa. Se for preciso, além da polícia, chamaremos o Exército ou outras Forças Armadas, mas a cidade não pode permanecer dessa forma", disse o desembargador, no início da audiência. Houve três interrupções para reavaliar índices e até retirada da proposta dos empresários. O Seturn, que havia oferecido 6% de aumento, voltou atrás e disse que só pagaria os 4,88%, conforme variação da inflação. No final prevaleceu o bom-senso. O TRT admitiu rever o cálculo da multa aplicada ao Sintro pelo descumprimento da determinação judicial de manter uma frota emergencial nas ruas (R$ 25 mil/dia), e que não seria decretada ilegalidade da greve na votação do dissídio coletivo que já estava marcada para a tarde de ontem no pleno do tribunal.
José Rêgo Júnior propôs reajuste de 8% e o retorno imediato da frota e que a discussão sobre o vale-alimentação fosse avaliada nas próximas audiências entre TRT, Ministério Público do Trabalho, Sintro e Seturn. O procurador José Diniz de Moraes, presente à audiência, sugeriu 7%. Os empresários só cederam mesmo até os 6%. O reajuste da tarifa (que atualmente custa R$ 2,20) também foi cogitado, inclusive pelo desembargador José Rêgo Júnior. "Me comprometo aqui a me reunir com a prefeita Micarla de Sousa. Sei que estamos em ano eleitoral, mas o bom gestor não mede seus atos com objetivos eleitoreiros. Se o aumento for legal e justo para os trabalhadores, de alguma forma beneficia a sociedade. O líder precisa decidir na hora em que é preciso".
Nastagnan Batista, presidente do Sintro, também enfrentou resistência dos colegas rodoviários reunidos na sede do Sintro, na região do Viaduto do Baldo, que não queriam o fim da greve. O sindicalista disse: "A greve está encerrada. Sei que vou ser hostilizado pela categoria, mas tomamos a decisão mais acertada nesse momento. Permaneceu o consenso de que a sociedade não pode ser mais prejudicada. Mas não vamos deixar a pauta de reivindicações de lado. Temos que retomar a mesa de negociações".
Por sua vez o Seturn também comemorou o desfecho da greve. "A conciliação sempre é o melhor caminho. Foi uma vitória do sindicato obreiro", afirmou o assessor jurídico, Eduardo Rocha. A greve durou quatro dias e prejudicou cerca de 450 mil natalenses.
fonte: diário de natal
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