Em coletiva com a imprensa, neste domingo (27), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, comentou a questão da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de ontem (26), na qual aparece uma charge em que a palavra gasolina é grafada com a letra z. Segundo o ministro, na prova, a charge aparece grafada da maneira como foi escrita na época, na década de 60.
A questão trata de uma charge que ironiza a política desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek. Na charge, o então presidente aparece conversando com um personagem chamado Jeca. O diálogo é o seguinte:
“JK – Você agora tem automóvel brasileiro, para correr em estradas pavimentadas com asfalto brasileiro, com gazolina brasileira. Que mais quer?
JECA – Um prato de feijão brasileiro, seu doutô”.
O texto é de autoria do chargista Théo e foi retirado do livro Uma História do Brasil Através da Caricatura (1840-2001).
“A charge é de 1960 e contextualiza o tema da época”, disse. Perguntado se o Ministério da Educação não deveria ter grafado da maneira correta para os dias de hoje, ele diz que isso é um debate pedagógico que deve ser incentivado.
Nas redes sociais, participantes debocharam da questão. “Aprendi no Enem que gazolina se escreve com ‘z’ e não mais com ‘s’” ironizou uma candidata, pelo Twitter. “Se amanhã eu escrever ‘gazolina’ na redação, vou perder ponto?’, questionou outra. “A partir do momento que a prova de história me aparece escrito ‘gazolina’, minha redação pode também né?” perguntou um terceiro.
O professor de português Rodrigo Fonseca explica que a palavra está de acordo com os padrões ortográficos de 71, ano da publicação. “À época gazolina era o certo, sim, e isso só viria a mudar após um acordo ortográfico, feito no mesmo ano, que definiu que toda palavra entre vogais com som de ‘z’ seria escrita com ‘s’” afirma. “Esses acordos levam cerca de cinco anos para serem efetivados, e a mudança só veio depois da charge”, completa.”Isso é coisa de gente que quer denegrir um processo que, até o momento, foi impecável”.
O Enem foi aplicado neste final de semana a mais de 5 milhões de candidatos em 1.161 cidades. Foram mais de 16 mil locais de prova e cerca de 648 mil trabalhando para a execução do exame.
Com informações da Agência Brasil